I
Setembro é assim
despetalando
as sílabas dos ipês
principescos,
de indumentárias de
lilás-amarelo-roxo,
forrando o chão dos homens
com chusma de pétalas
sazonadas pelo fogo
das sementes
(e valsando pelo ar)
Chão dos homens, assim:
(comido pela fadigas do tempo
e pelos dentes de borracha
dos pneusgirando, atarozes,
sob espessas golfadas de fumaças,
fardos e bagagens
de sinas rotas e de mortais
em trânsito -
que somos nós
os transuntos
da angústia
e da náusea
aos olhos do sol,
impávidos.
II
(Gabriel Nascente, escritor e poeta (Este poema homenageia o frugal amigo, conselheiro e cronista, Luiz Augusto Paranhos Sampaio, cuja amizade perdura-se fronteiras além do tempo))