Respira-se o bem ou o mal de acordo com as preferências que temos. A mente, a casa viva onde residimos vinte e quatro horas por dia, é estruturada pela arquiteta Imaginação que nos coloca no lugar em que aspiramos estar e que tem tudo a ver conosco; nossa casa mental é mesmo a nossa cara...
Por falar em moradia, há quem prefere residência exótica, sofisticada e sempre procura e encontra extravagâncias; quem prefere o luxo e gosta de exibir requintes de suntuosidade terá pela frente desafios de inveja a enfrentar. Já o que quer demonstrar poder vai navegar no desvario.
Assim também na vida: o que prefere divertir-se na ironia ou crítica estará cercado de comparsas amantes da maledicência e dos desregramentos. Isso porque moramos em Espírito onde está o nosso pensamento e somos responsáveis pelas opções que fizermos.
Permaneceremos nessa situação de ensaio e erro até decidirmos por outra opção.
Mudança de foco acontece quando, dá-se um up grade, descobrimos que só o trabalho ininterrupto no bem nos dará condição de viver num lar doce lar.
A senha para ser feliz é o serviço em prol do outro, jeito mais rápido de sentir e vivenciar algo bem raro que se intitula felicidade.
Outra raridade é conhecida pelo nome de liberdade. Alforria que se alcança através do esforço perseverante na prática da prestação de serviço. Acontece quando se percebe que sem Deus presente no cotidiano, nada se consegue que valha a pena.
Quando a pessoa se compraz em ser dominadora, no ambiente em que está inserida, sentindo-se poderosa, ficando inflada de empáfia, logo irá se esvaziar, ao contatar-se com a cruel realidade, que não suporta, por muito tempo, esses grandes gigantes de vento.
Acontece que, o mesmo mundo que lhes foi pedestal, os projetará no abismo da inexorável realidade. Pode demorar, mas acontece: mais dia, menos dia a pessoa amadurece. Passa a se conhecer melhor e quando é inteligente se desfaz das ilusões, antes que as ilusões as deixem a ver navios. Percebe que os desígnios vem do Pai, que é amigo e bom e nos ajuda a realizar o propósito de trabalhar no aperfeiçoamento de nós mesmos.
Quem faz essa opção já passou pelo momento da escolha, foi testado e já sabe como se deve aproveitar bem o tempo. Já usa a vontade no aprimoramento pessoal, sem titubear. Conhece a iluminação pela fé, mas ainda se deixa atrair pela sombra. Sabe que deve favorecer sua própria evolução, mas não se esforça por se renovar. Solicita a presença consoladora do Mestre, mas ainda não se anima a seguir-lhe os passos.
O corteja nos cimos da espiritualidade de Jerusalém, mas prefere ainda descer para Jericó, onde a vida é mais divertida, em busca dos apelos da materialidade. Luz e sombra em convivência ambivalente.
Não se julga ainda capaz de dar testemunho da fé, que lhe solicita renúncia, e suspira pelo conhecimento que o levará à renovação.
Reconhece o alerta em João 5:40, onde percebe Jesus dizendo: “Não quereis vir a mim para terdes vida” e, embora quisesse estar na vanguarda, detesta sofrer e fica inativo.
Acha-se no direito de comer o pão multiplicado pelo amor infinito do Mestre e, embora esfomeado de paz, prefere ser mais um dos famintos que aguardam serem servidos.
Os seguidores do Cristo não o são por deslumbramento ante seu poder e sim porque não conseguem viver sem o alimento de sua alma, que quer ser mantida pelo pão do céu.
Quando Jesus afirma “Eu sou o pão da vida” (João - 6:48), entendemos que o pão, o alimento mais popular, é sempre o mesmo, seja para o mendigo ou para o Rei. É servido tanto na escola, como no palácio, na choupana e no hospital, sendo sempre útil. A analogia com o pão da vida, preconizado pelo Nazareno, revela que a mensagem do Mestre é o alimento imperecível que sustenta a vida plena.
Dado que se confirma nas escrituras sagradas, que relatam o fato de Moisés alimentar os hebreus, libertos da escravidão no Egito, com o maná dos céus enviado por Deus. O povo no deserto contava com alimento valioso, mas que sustentaria o corpo apenas por um dia. Por isso era recomendado que não se podia acumular, mas renovar o estoque a cada dia na colheita de bençãos e luz. Esse ato divino tinha o propósito de manter a “sublime oportunidade da alma que estava em busca do verdadeiro pão do céu”.
Em Vinha de Luz, FEB Editora, 1987, capítulo 92, o instrutor espiritual Emmanuel afirma que a maior finalidade da vida na terra é preparar as almas para a grandeza da vida espiritual. Assim também acontece em relação ao Espiritismo Cristão, abençoado celeiro desse pão da vida.
Todavia, é preciso que haja esforço pessoal para a aquisição do alimento divino que renova, purifica e engrandece a alma, permitindo que ela desperte através das revelações espirituais, que confortam e redimem, conduzindo-a aos inesgotáveis celeiros do pão celestial: o alimento do Espírito.
(Elzi Nascimento, psicóloga clínica e escritora/Elzita Melo Quinta, pedagoga, especialista em Educação e escritora. São responsáveis pelo Blog Espírita: luzesdoconsolador.com. Elas escrevem no DM às sextas-feiras e aos domingos. E-mail: iopta@iopta.com.br (062) 3251 8867)