Por volta do século XVIII, o renomado cientista alemão, Alexander von Humbold, ao visitar o Brasil, afirmou: “Aqui está o celeiro do mundo!”.
Entretanto, se desdobrarmos o seu sentido econômico, estendendo-o também para o sentido espiritual, iremos verificar que o Brasil não está destinado somente a suprir as necessidades materiais, especialmente alimentar dos povos mais pobres do Planeta, mas também, facultar ao mundo inteiro, uma expressão consoladora de fraternidade, amor universal e de fé raciocinada, e ser o maior celeiro de claridades espirituais de toda humanidade planetária.
Se outros países conquistaram com mérito, o progresso pelas expressões materializadas e transitórias, o Brasil terá a sua expressão imortal na vida do espírito humano, representando o celeiro de um pensamento bondoso, sem as ideologias de separatividade, inundando todos os campos das atividades humanas com uma luz do bem.
Todos os observadores mais atentos que visitam o Brasil, impressionam-se com as riquezas inesgotáveis em nosso subsolo, na flora, na fauna, nas paisagens naturais. Mas somente aqueles corações mais sensíveis conseguem sair da análise superficial e penetrar no Brasil espiritual, o Brasil coração do seu povo, fraternal e generoso, que luta, sonha e trabalha, cheio de esperança, por uma nação com as mais puras emoções, onde o país possa escrever o seu poema de realizações morais em favor do mundo.
Por que o Brasil?
Porque no fim do século XIV, Jesus, fazendo uma de suas visitas aos velhos continentes do planeta Terra, acompanhado de toda a sua corte de espíritos luminares, segundo Humberto de Campos, em sua obra “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, constatou a incompreensão dos homens no que se refere ao seu Evangelho de Amor. Por toda parte, a luta fratricida aniquilando-se pela cobiça dos bens terrenos, destruindo todas as esperanças e, muitas vezes, em seu nome, numa guerra incompreensível guardando os lugares chamados “santos” como se todos os cantos da Terra não fossem santos, não fossem abençoados por Deus.
E, naquele momento em que a amargura Divina sensibilizara a formosa assembleia de espíritos de escol, Anjos e Arcanjos, foi que o nobre espírito Helil, para remover a impressão ambiente, dirigiu-se a Jesus com brandura e humildade: “Senhor, se esses povos infelizes, que procuram na grandeza material uma felicidade impossível, marcham irremediavelmente para os grandes infortúnios coletivos, visitemos os continentes ignorados, onde espíritos jovens e simples aguardam a semente de uma vida nova, nessas terras podereis instalar o pensamento cristão dentro da doutrina do amor e da liberdade”.
E a caravana fulgurante, deixando um rastro de luz na imensidade dos espaços, encaminhou-se às novas terras, que seria mais tarde o continente americano e, ao visitar o sul onde se encontra as terras brasileiras, no seio da paisagem repleta de aroma, de melodias, Jesus, com as mãos erguidas para o alto como se invocasse a bênção do pai para todos os elementos daquele solo extraordinário, exclama: “Para esta terra maravilhosa e bendita será transplantada à árvore do meu Evangelho de Piedade e Amor”. No seu solo dadivoso e fertilíssimo, todos os povos da terra apreenderão a lei da fraternidade universal. Sob estes céus serão em todos Hosana mais ternos a misericórdia do Pai celestial. “Tu, Helil, te corporificarás na terra, no seio do povo, instituirás em um roteiro de coragem, para que sejam transpostas as imensidades desses oceanos perigosos e solitários que separam o velho do novo mundo”.
E como determinou Jesus, no dia 04 de março de l394, como filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, Helil nasce em Portugal, na cidade do Porto, recebendo o nome de Henrique de Avis, mais tarde, conhecido como Infante de Sagres ou “O Navegador”. Fundou a Escola de Navegadores, propiciando energias novas aos portugueses em busca das novas terras, tornando-se a mais importante figura do início da era das descobertas.
Mas ainda nos reportamos àquele diálogo inesquecível e histórico quando, no plano espiritual, Helil, temeroso pelo futuro, diz ao mestre: “Jesus, graças ao vosso coração misericordioso, a Terra do Evangelho florescerá agora para o mundo inteiro, mas dai-nos a vossa bênção, temo que a pirataria de todos os séculos, que as nações ambiciosas matem as nossas esperanças, invadindo as suas possibilidades e destruindo os seus tesouros...”.
Jesus, confiante na proteção do Pai e na alegria que traz em si, não hesita em dizer: “Helil, afasta essas preocupações e receios inúteis. A região do cruzeiro, onde se realizará a epopeia do meu evangelho, estará antes de tudo ligada eternamente ao meu coração. As potências imperialistas da terra esbarrarão sempre nas secas claridades divinas e nos serão ciclópicas realizações. Antes de estar ligada aos homens, é ao meu coração que ela se encontra ligada para sempre”.
E foi assim que o pequeno Portugal, no ano de 1500, descobriu o Brasil e através de três longos séculos, embora preocupado com as fabulosas riquezas dos índios, pôde conservar contra ingleses, franceses, espanhóis e muitos piratas, a unidade territorial de uma pátria com oito milhões e meio de km² e com oito mil km de costa marítima. Nunca houve exemplo como esse em toda a história da humanidade. Só o Brasil se manteve uno e indivisível na América. É que a mão do Mestre Jesus se alça sobre a sua longa extensão e sobre as suas prodigiosas riquezas.
“O coração Geográfico do Orbe não se pode fracionar”.
E alguém poderá estar questionando: o Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho?... Mas e todos os crimes absurdos de todas as ordens que estão ocorrendo em nossa pátria?
No entanto, se Deus permite a prática de tantos absurdos por parte dos poderosos temporários da Terra, que se embriagam com o vinho da autoridade transitória e da ambição desmedida, é que todos esses sofrimentos nada mais representam do que experiências penosas, para abreviar a compreensão geral da luz Divina no futuro. Se tivéssemos assimilado há mais tempo os ensinamentos do Mestre Jesus, com certeza não estaríamos hoje vivendo tantas provações e expiações coletivas.
No entanto, o momento é de transição, e Jesus só pede piedade, humildade e amor aos brasileiros, para que possa transbordar de luzes em direção ao seu irmão de caminhada evolutiva em todo o mundo.
As eleições políticas estão próximas, roguemos a este sublime governador espiritual do planeta Terra, que envolva com suas bênçãos maiores o povo brasileiro, para que tenha a sabedoria para a escolha certa, elegendo políticos sérios, comprometidos com esta nação, para que não se repita os desastres provocados pelos desmandos dos últimos anos, em que a nação submergiu em um lamaçal sem precedentes, e o Brasil possa atingir o seu destino final, ser “O Coração do Mundo, a Pátria do Evangelho”.
Na questão 793 do Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta:
– Por que indícios se pode reconhecer uma civilização completa?
Responde o Espírito da Verdade:
“Reconhecê-la-eis pelo desenvolvimento moral. Credes que estais muito adiantados, porque tendes feito grandes descobertas e obtido maravilhosas invenções; porque vos alojais e vestis melhor do que os selvagens. Todavia, não tereis verdadeiramente o direito de dizer-vos civilizados, senão quando de vossa sociedade houverdes banido os vícios que a desonram e quando viverdes como irmãos, praticando a caridade cristã. Até então, sereis apenas povos esclarecidos, que hão percorrido a primeira fase da civilização.”...
(Raimundo Cordeiro de Aguiar, vice-presidente do Grupo de Edificação Espírita, Vice-presidente da Aceleg- Academia Espírita de Letras do Estado de Goiás, ocupando a cadeira 20 – Autor do livro “O Amor não Pede Certificado de Perfeição” e-mail-mraguiar@terra.com.br)