As disfunções temporomandibulares (DTMs) são modificações patológicas relacionadas à articulação temporomandibular (ATM), que articula o crânio e a mandíbula podendo ser tanto da parte muscular mastigatória, ligamentos e nervos, na região buco-facial ou cervical (pescoço). Estas articulações funcionam em dupla (direito e esquerdo). A disfunção pode ter como consequência dores de cabeça ou pescoço, ruídos articulares (estalos), zumbidos no ouvido, limitação de abertura bucal, desgaste nos dentes e dificuldades na mastigação. A sua causa ainda não é totalmente conhecida, acredita-se ser multifatorial e que o estresse e/ou alteração do sono seja o principal desencadeante.
O encaixe dos dentes representa papel importante como fator causador que altera o sistema mastigatório, aumentado os riscos para desenvolver disfunção de ATM. Os hábitos não usuais (parafuncionais) e mal encaixe (má-oclusão dentária) induziriam micro-traumas na ATM, desenvolvendo-se assim lesões degenerativas na cabeça da mandíbula (o côndilo) e no disco articular e as estruturas ao seu redor como ligamentos e nervos.
Para explicar melhor as atividades não usuais da mandíbula podem ser subdivididas em diurnos e noturnos A atividade não usual diurna é o aperto e ranger dos dentes como também de outros hábitos que a pessoa faz sem perceber como morder a bochecha e a língua, chupar o dedo, hábitos incorretos de postura, e outras atividades relacionadas com a ocupação como morder lápis, alfinetes ou unha ou apoiar objetos sob o queixo (um telefone ou violino). As pessoas durante as atividades diárias frequentemente fecham os dentes e apertam. Este tipo de atividade diurna pode ser visto em alguém que está concentrado numa tarefa ou realizando um trabalho físico extenuante.
A atividade não usual durante o sono é muito comum e parece se dividir em episódios unitários (chamados de aperto) e contrações rítmicas (chamadas de bruxismo). Se essas atividades resultam de diferentes fatores etiológicos ou se são os mesmos em duas formas diversas não é sabido. Em muitos pacientes ocorrem juntas e são difíceis de separar. Por esta razão o aperto dos dentes e o bruxismo são chamados de bruxismo somente.
Os sintomas da disfunção temporomandibular podem ser dores de cabeça tensionais frequentes, enxaqueca, dores na região da face, dores nas articulações ao mastigar e movimentar a boca, dores atrás do pescoço, irradiando para ombros e costas e dificuldade de mastigar qualquer alimento (principalmente os mais duros e consistentes).
Também podem ocorrer inchaço ao da boca e da face, sensação de “boca fora do lugar”, como se houvesse alguma coisa dentro das articulações, dificuldade de abrir a boca ao máximo, desvio da mandíbula para um lado, travamento da mandíbula ao abrir ou fechar a boca e barulhos ou ruídos na articulação. Existem relatos de surdez temporária, sensação de ouvido tampado, zumbidos e dor no ouvido.
Alguns cuidados em casa para tratar os distúrbios de ATM também podem evitar que eles sequer se manifestem, tais como, evitar comer alimentos duros e mascar chicletes, aprender técnicas de relaxamento para reduzir o estresse e a tensão muscular (fazer no mínimo 150 minutos de atividade física por semana). Fazer yoga, alguma técnica de meditação ou acupuntura em paralelo a atividade física também têm trazido muitos bons efeitos. Mantenha uma postura correta, principalmente se você trabalha o dia inteiro em frente ao computador. Faça pausas e mude de posição com frequência, descanse as mãos e os braços e alivie os músculos tensionados.
Assim como a causa da DTM é multifatorial, seu tratamento deverá ser em muitos casos multi-disciplinar, ou seja, envolver dentistas, médicos psiquiatras, médicos acupunturistas, otorrinolaringologistas, fisioterapeutas e em casos extremos cirurgiões buco-maxilo faciais.
É função do dentista diagnosticar a disfunção temporomandibular, definir a gravidade do caso, fornecer ao paciente um prognóstico, favorável ou não, e propor o tratamento adequado para cada caso, indicando os profissionais de outras áreas, a fim de solucionar o problema do paciente. Os tratamentos para DTM são vários, cada um com sua indicação podendo passar por placas, termoterapia, infiltrações, acupuntura, uso de relaxantes musculares e anti-inflamatórios, aparelhos ortodônticos, reabilitação oral, psicoterapia e a que mais gosto que é a consciência corporal, terapia cognitiva e atividades físicas. Com exceção desta última, o uso permanente das demais terapias não é recomendado.
(Ronaldo Leandro Esteves ,CRO-GO 6832, cirurgião dentista especialista em Ortodontia e Implantodontia)