Agora são duas as dúvidas dos petistas. A primeira: como ficará o partido sem Lula nas disputas. A segunda, como Lula enfrentará o ostracismo que se avizinha, apeado dos palanques políticos. A questão inicial, terá uma resposta rápida. Logo, logo, se saberá se Lula, na cadeia, com um distanciamento progressivo e explicável da grande mídia, terá capacidade de transferir votos para alguém. A outra, como ele ficará sem os espaços que ocupava até então. Por mais que Lula e seus companheiros, ou dependentes políticos, digam que não, foi grande a decepção de todos com a reação popular à sua prisão e agora ao seu quase banimento da vida política. Esperava-se uma forte reação, uma quase comoção nacional com sua prisão. Nada disto aconteceu. Como não aconteceu quando Getúlio foi tirado do Poder, uma vez com o fim da ditadura que comandava, outra pelo tiro que deu no peito por não suportar as pressões dos adversários. Getúlio foi nosso primeiro pai dos pobres. Como não aconteceu quando Jânio renunciou esperando que o povo iria reconduzi-lo ao cargo para, então iniciar uma nova ditadura. Como finalmente não aconteceu quando Juscelino teve mandato cassado pelos militares quando ninguém acreditava que teriam coragem de fazer isto com o grande líder nacional. Lula já sente o isolamento. A militância paga do “bom dia, presidente” quase não existe mais. A greve de fome dos indicados pelo MST, acabou. Agora a tendência é de que também os lulo-dependentes eleitorais também iniciem o afastamento pois o ex presidente terá menor poder de influenciar pessoas. Por fim, com o aumento do calor da disputa, Lula deixará se ocupar tanto espaço no noticiário. Ocupação que, para muitos, explica o fato de ele continuar liderando as pesquisas eleitorais. Fora da mídia tradicional, ele manterá esta posição? Isolado, Lula conseguirá manter a fidelidade de seus antigos companheiros, muitos deles precisando salvar a própria pele? Lula sobreviverá politicamente a tudo isto? E o PT, sobreviverá sem Lula? Só depois das eleições se saberá.
(Paulo César de Oliveira, jornalista e diretor-geral da revista Viver Brasil e jornal Tudo BH)