Goiás e demais estados produtores rurais precisam fortalecer a cadeia produtiva do agronegócio. Se o agro chegou ao atual patamar, que dá orgulho à nação brasileira, não foi por acaso. Na hora de votar, no pleito de 7 de outubro próximo, há menos de duas semanas, é fundamental a escolha de candidatos comprometidos com todo o agro.
A agricultura e a pecuária – e todos os demais segmentos, envolvidos, indústria, comércio varejista, atacado, serviços, escoamento, mercados interno e externo e exportação – têm correspondido plenamente no Brasil. As safras recordes são comprovantes dessa afirmativa. O agronegócio tem sido a raiz da economia brasileira, segundo ressalta Roberto Rodrigues, coordenador de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas, e a quem tiro o chapéu quando o assunto é relativo ao agro.
Apesar das dificuldades de toda ordem, os produtores cumprem a sua tarefa de produzir mais e melhor. No primeiro trimestre de 2017, o setor cresceu chegou a avançar quatro vezes mais ante o segundo melhor segmento do PIB. Superam desafios climáticos no plantio e na colheita.
Quando esperam pelas chuvas para irrigar naturalmente as plantas, bate uma seca inesperada. Como a vaca indo para o brejo, com certeza é prejuízo no bolso do lavrador. Uma praga ou uma doença exige pulverização da lavoura. Mais dinheiro que escorrega no esguicho. Mais preocupação.
No financiamento da lavoura, o banco quer a sua cota. Juros de mercado. Sempre uma bicada. Defendendo os produtores, defendemos também os consumidores. É a fartura da produção agropecuária. Embora, da produção à mesa de cada família brasileira tenha um percurso complexo e difícil.
Carência da logística nos transportes - No escoamento, o eterno problema. O produtor se submete ao transporte rodoviário. Os olhos da cara por tonelada da soja, do milho, do sorgo, da melancia, da banana, das verduras, do boi e do leite. O País carece de uma logística na política dos transportes. O Brasil herdou da Natureza a maior bacia hidrográfica do globo. E poucos rios são aproveitados para escoamento de nossa riqueza. Há necessidade de uma integração rodo-ferroviária e hidroviária.
A Norte-Sul, por exemplo, começou no governo Sarney. Isso foi em que ano? Logo após o fim do regime militar. Em 1995 a 1990. Uns 30 anos, um trecho aqui, outro acolá. Os Estados Unidos ligaram o Atlântico ao Pacífico há mais de um século.
Era o que faltava: boutique nos bois - Agora, inventaram uma situação adversa e até vexatória para as exportações de boi em pé para diferentes mercados asiáticos e do Oriente Médio. Uma carreta de bois para o porto de Santos, o principal do País, sofre retaliação de ONGs malcriadas porque queriam que esses animais passagem por uma boutique e se perfumassem. Esses “animais” (no pejorativo mesmo) se esquecem do que esse pecuarista gera riqueza, não lesa ninguém. Produz alimentos. E até no restaurante você pode se deliciar com uma maminha da alcatra.
A lição do “velho” Caixeta - Mas, voltando à questão política propriamente dita, o “velho” Macel Caixeta, líder classista rural por excelência, dava sinais de visionário no começo dos anos 2.000 em assuntos políticos. Muito próximo dele, na condição de assessor de Imprensa da Faeg e talvez mais do amigo jornalista, dizia e repetia da necessidade dos produtores goianos e seus familiares e amigos defenderem candidatos comprometidos com o meio rural e os demais elos da cadeia do agro. Desde vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, senadores, governadores e presidente da República.
Macel era um produtor de natureza humilde, jeitão caipira, mas comprometido até o pescoço com o agro. Em sua propriedade em Vianópolis implantou cultura do trigo. Ele não se conformava com a importação de trigo da Argentina e Canadá. Entendia que era desperdício de divisas do Brasil. E, ia mais longe, o País poderia cultivar a triticultura e abastecer o mercado interno. Os Cerrados seriam propícios e que a pesquisa da Embrapa poderia gerar sementes apropriadas para esses solos. Não deu outra. A Embrapa Trigo, sediada no Rio Grande do Sul, tem variedades de trigo para o plantio nos Cerrados.
A senha: vote com o agro - Pelo que se vê, não pode haver dúvida. A senha lançada por Macel Caixeta, que já nos deixou vitimado por um câncer, é válida. Vote em candidatos comprometidos com o agro. Com essa atitude cívica, o eleitor terá assegurado safras promissoras e comida em sua mesa. Uma bancada formada por gente do campo significa remoção dos entraves colocados no meio do caminho. E são muitos.
Hoje, o maior entrave é o institucional. Ou seja, o Brasil necessita de regras jurídicas claras, estáveis e aceitas pela sociedade. Necessita urgente de reformas básicas. Sem essa premissa, a crise só vai engessando e se enraizando mais. Sem uma estabilidade política e econômica, os investimentos tornam-se mais difíceis. Por isso, o eleitorado tem a sua responsabilidade nessas eleições. Eleger um Congresso Nacional à altura tem que estar na cabeça de cada eleitor, onde o rural não pode faltar.
(Wandell Seixas, jornalista voltado para o agro, bacharel em Direito e Economia pela PUC-Goiás, ex-bolsista em cooperativismo agropecuário pela Histadrut, em Tel Aviv, Israel. Autor do livro: O Agronegócio passa pelo Centro-Oeste. Edita às segundas-feiras a página de Agronegócio do Diário da Manhã)