Cooperativismo financeiro não é mais desconhecido dos brasileiros. Você já deve ter passado por uma agência de uma instituição financeira cooperativa em sua cidade, ou conhece alguém que é cooperado a uma. E o motivo é explicável. Maior sistema de cooperativas financeiras do Brasil, o Sicoob passou a ser a quinta maior rede de atendimento no Brasil, com 2.697 agências. O Sicoob também cresceu, no primeiro trimestre deste ano, 15,6% em seus ativos. O patrimônio líquido alcançou R$ 19,2 bilhões. Desde o final da década de 90 o crescimento tem sido contínuo, muitas vezes na casa dos dois dígitos.
Sem dúvida, o cooperativismo financeiro é ainda jovem, mas já mostra a sua força. Tem tido um crescimento acelerado no Brasil. As cooperativas ocupam a 6ª posição no ranking das maiores instituições financeiras do país (considerando ativos, depósitos, patrimônio líquido e operações de crédito), embora em ativos, detenham apenas 1,87% do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Nos depósitos, a participação sobe um pouco mais, para 4,26%.
Diante dos benefícios não apenas aos associados, mas à comunidade local, o cooperativismo financeiro segue mostrando suas características. A precificação de taxas e produtos é muito justa. O atendimento é personalizado. Ao final de cada ano, existe a distribuição das sobras (lucros). Cooperativa financeira não é banco. Mas a comparação com as grandes instituições financeiras acaba sendo inevitável. Nelas, o diálogo vem sendo desestimulado. E o cliente, muitas vezes, é visto apenas como um número. Nas cooperativas, por outro lado, até por ser demanda do próprio associado, o relacionamento cooperativa-cooperado é muito forte. O associado tem nome e sobrenome, além de produtos e serviços personalizados.
E essa proximidade proporciona relações duradouras, de ganhos mútuos. Até porque a instituição financeira cooperativa nasceu para fazer a diferença na vida dos associados. Foi idealizada para reduzir os custos financeiros e melhorar o atendimento. É assim desde 1852, quando foi criada a primeira cooperativa de crédito urbana, na cidade alemã de Delitzsch. Hoje, a Alemanha tem mais de 22 milhões de cooperados (40% da população economicamente ativa); no Brasil, são 8,9 milhões (8,8% da população economicamente ativa).
Por isso, a disseminação de informações sobre o cooperativismo financeiro é tão importante para que as pessoas avaliem os benefícios e decidam fazer parte. Além de precificação mais justa, o associado tem voz ativa, pois a gestão é democrática e profissionalizada. Os cargos de direção são ocupados por profissionais qualificados. Integrar uma instituição financeira cooperativa é ser cliente e dono ao mesmo tempo. É uma mudança de paradigma em prol da justiça financeira.
(Fabrício Modesto Cesar, diretor-geral do Sicoob Engecred-GO)