Se estivesse vivo Michael Jackson completaria este ano sessenta anos de idade. Há anos atrás apreciava poucos cantores de rock. Fazia deles um juízo de valor negativo. Alguns me açoitavam os ouvidos com seus toques, que mais pareciam ruídos do que sons musicais. A exceção, naqueles tempos, era James Brown, o padrinho do soul americano. Também, era uma lenda. Na sua brilhante carreira, desfilaram escândalos, e mais de 800 músicas gravadas. Sabe-se que não teve sossego nem após a sua morte, aos 73 anos, uma vez que a disputa por sua herança fez com que seu corpo ficasse insepulto por quase dois meses para ser enterrado. Hoje, “Mr. Dynamite”, descansa em paz. Não sei o que aconteceu com o legado do “Rei do Pop”, Michael Jackson. Quando faleceu eu vi pela TV o derradeiro tributo a ele prestado, em Los Angeles. Entrou para a história da música como uma das mais comovedoras homenagens a um astro que foi para a eternidade deixando um monte de perguntas não respondidas. Seus filhos foram concebidos naturalmente? Por que escondia seu rosto com várias máscaras e panos? Estranho. Muita estranheza foi para o túmulo com ele. No final do tributo, que a mídia chamou de “showneral”, todos os que o homenagearam subiram ao palco do Staples Center e cantaram “We Are the World” e “Heal the World”, duas belíssimas canções messiânicas que marcaram os momentos de filantropia de Michael. Não se pode esquecer de que “Nós somos o mundo”, - o grande sucesso internacional, foi gravado em 1985, para angariar fundos às vítimas da fome na Etiópia. Apesar de suas várias faces e vidas, todas cheias de surpresas, de polêmicas, há que se notar sua solidariedade, suas iniciativas filantrópicas, na sua maioria, voltadas para as crianças. Afirma-se que doou mais de 300 milhões de dólares para obras de caridade, sendo que até hoje foi a maior doação feita por uma única pessoa no mundo. Em 1992, Michael criou a “Heal the World Foundation”, com a finalidade de ajudar crianças de países pobres. Haja vista que, em 1984, recebeu o Prêmio Presidencial Humanitário das mãos do presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, na Casa Branca. Foi um pai nada convencional. Mas, era amado. Causaram emoções as palavras finais de sua filha Paris Michael Katherine, que ao pegar o microfone disse: “Desde que nasci, meu pai foi o melhor pai que se pode imaginar, e quero dizer que te amo muito”. Quanto a mim, que não deixo de assistir essas cerimônias fúnebres, me emocionei quando a atriz Brooke Shields, aquela bela jovem que no passado fez o papel principal de “Lagoa Azul”, cujos olhos marejavam-se-lhe enquanto falava, disse que a canção favorita de Jackson era “Smile”, música temática do filme “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin, rodado em 1936. Mas, a emoção maior veio em seguida: Jermaine Jackson, irmão de Michael, entoou a música levando a lágrimas os milhares de fãs presentes. E, assim, foi o último adeus do maior ídolo da história da música pop mundial, que, se estivesse vivo seria um sexagenário.
(Luiz Augusto Paranhos Sampaio, membro da Academia Goiana de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás da Academia Catalana de Letras e da União Brasileira de Escritores. E-mail: luizaugustosam[email protected])