Após dois anos de retração, e um crescimento do PIB de 1% em 2017, o Brasil dá mostras de recuperação no médio prazo. Espera-se que o cenário econômico até 2022 seja marcado por um ritmo de crescimento mais consistente e equilibrado entre os setores da economia.
Nos segmentos de Entretenimento e Mídia (E&M), os investimentos estão mais robustos, principalmente em novas tecnologias e em infraestrutura de rede de internet, e a aposta é em uma retomada do interesse dos grupos estrangeiros no país, conforme revela a 19° edição da Pesquisa Global de Entretenimento e Mídia 2018-2022, feita pela PwC, que analisou 15 segmentos de E&M em 53 países, inclusive o Brasil.
Segundo o estudo, o setor nacional deve movimentar quase US$ 53 bilhões em 2022, ante aproximadamente US$ 41 bilhões em 2017, uma média anual de incremento de 5,3%,mas com diferenças acentuadas entre os segmentos analisados. Em 2017, 37% do total dos gastos do consumidor com E&M foram destinados ao acesso à internet. Em 2022, será mais de 50%. Os gastos com acesso à internet apresentam o maior crescimento entre as categorias em que o estudo é dividido: consumo, publicidade e acesso. Para acessar a internet, os gastos devem sair de US$15 bilhões em 2017 para US$ 22 bilhões em 2022, um crescimento médio anual de quase 8%.
As plataformas digitais, lideradas por game (14,7%), publicidade digital (11,9%) e OTT, que corresponde ao vídeo na internet, (9,4%), apresentam o maior crescimento nos próximos cinco anos. O formato digital transformou de vez todo o ecossistema do setor de entretenimento e mídia. O conteúdo tornou-se mais imersivo e disponível sob demanda. As plataformas digitais proliferaram, criando uma distribuição mais direta e personalizada. A competição pelo engajamento e gastos dos usuários nunca foi tão acirrada. Já se foram os dias em que redes de TV, de produtoras de conteúdo ou de empresas de qualquer tipo poderiam prosperar em uma, duas ou até mesmo três fontes confiáveis de receita. Hoje, o crescimento lucrativo e sustentável depende cada vez mais de cinco, seis ou mais fontes e de modelos de negócios inovadores. O portfólio de serviços deve considerar experiências conectadas e complementares que exploram o potencial comercial de seus usuários mais engajados: seus fãs.
Os valores de consumo e de publicidade crescem 2,2% e 5,2% em média, respectivamente. A TV aberta continua tendo a preferência do anunciante, mas haverá perda de Market share para a publicidade na TV paga e para a publicidade digital, que crescem, ambas, 12% ao ano em média até 2022. Na publicidade, o destaque local é novamente o crescimento de anúncios em vídeo no celular.
Um dos caminhos apontados pela PwC para que as empresas potencializem seus ganhos é por meio da chamada Convergência 3.0, onde empresas de todos os setores desenvolvem novos modelos de negócio fortalecidos pelo engajamento e confiança do consumidor. Essa convergência pode ser de acesso, mídia, geografia ou negócio. Na convergência 3.0, as dinâmicas de concorrência estão evoluindo enquanto uma gama de super competidores em constante expansão e players com foco específico esforçam-se para construir relevância na escala adequada. Analisando todos esses dados, é importante destacar que cada empresa do setor de E&M – ou sua marca – precisa buscar um diferencial vital: a capacidade de manter a confiança de consumidores e anunciantes, demonstrando a transparência em muitas dimensões, como conteúdo, retorno do investimento, uso dos dados e impacto social.
(Sergio Zamora, formado em Ciências Contábeis pelo Mackenzie com MBA em Administração e Gestão de Negócios pela FGV/Carlos Giusti, formado em Publicidade e Propaganda pela ESPM, com MBA em Negócios pelo ITA)