Há alguns anos, desde que estreitamos o relacionamento com a tecnologia, as dúvidas sobre o quanto isso impactaria realmente em nossas vidas permeiam em rodas de conversa e as mentes de muitas pessoas. O que acaba, o que se renova, quais oportunidades surgem?
E, em tempos incertos como o que vivemos atualmente, com o desafiador cenário econômico que nos envolve em certa preocupação, é comum o receio de que pessoas sejam substituídas por máquinas. É certo que, em poucos anos, muitas das atividades hoje exercidas por humanos sejam realizadas por elas, de forma mais rápida e mais barata.
Mas, assim como muitos economistas, acredito que muitas profissões surgirão dessas mudanças. Para a inteligência artificial funcionar, por exemplo, é necessária a ação humana, pois as máquinas precisam de profissionais para apreender e compreender o que as pessoas falam.
E é aí que entram as novas profissões. Por trás de um chatbot, por exemplo, há diversos profissionais, como os linguistas computacionais, que vêm sendo bastante requisitados pelas desenvolvedoras de soluções. Formados em diversas áreas, como letras, jornalismo e áreas afim, eles são responsáveis por enriquecer a ferramenta, trabalhando a parte de conteúdo e entendimento da máquina. Mas há ainda os cientistas de dados, curadores de conhecimento, treinadores de bots, redatores, dentre outros. As pessoas não devem temer uma invasão robótica com receio de não terem mais espaço no mercado de trabalho. Enxergo essa tecnologia como uma readaptação do ser humano na relação com o emprego.
No Brasil, existem cerca de 17 mil bots, que registram um tráfego mensal de 800 milhões de mensagens, segundo o Mapa do Ecossistema Brasileiro de Bots, produzido pelo Mobile Time. E quais as consequências do crescimento vertiginoso desse mercado? Estudos apontam que 50% da força de trabalho será substituída até 2050; as empresas reduzirão cerca de U$ 8 bi em seus custos anuais até 2022; haverá aumento da produtividade; será a revolução no mercado de trabalho! Mas, as perguntas que ficam: e o desemprego? O ser humano ficará ocioso?
Profissionais da área já traçam algumas reações dessa revolução digital, entre as quais estão os programas de requalificação para profissões com risco de automação, adaptações na legislação trabalhista, redução e flexibilização da jornada de trabalho e impostos para utilização de robôs.
Outro ponto importante a ser observado é que, apesar de já notarmos algumas substituições no trabalho, os robôs não conseguem incorporar alguns valores do ser humano. Na comparação homem-máquina, os robôs cometem menos erros, geram menos custos, trabalham 24x7, são mais ágeis em execução de tarefas repetitivas e precisam de menos treinamento. Já os homens têm a capacidade de criar e inovar, a facilidade em lidar com pessoas e a habilidade com tarefas mais complexas.
O que podemos concluir com tudo isso? Que os robôs estão trazendo uma revolução ao mercado de trabalho e que, cada vez mais, a capacitação e o desenvolvimento de novas habilidades serão a chave para as pessoas se manterem ativas no mercado.
(Cassiano Maschio é Diretor Comercial da Inbenta, empresa que auxilia o relacionamento online das marcas com seus clientes)