Neste momento de acirradas disputas eleitorais, quando muitos perdem o sentido da razão plena e se engalfinham em troca de acusações, tanto pelas redes sociais como pessoalmente, entendo ser interessante darmos uma parada em tudo e nos colocarmos no devido lugar que nos cabe a cada um. E para tanto, transcrevo, com algumas alterações e inserções, um texto muito interessante que recebi e que nos leva a meditar.
Como se torna interessante, com os recursos que a tecnologia nos oferece, observamos o nosso planeta Terra como se no cosmos estivéssemos. Desse ângulo e ponto de vista, a Terra pode não perecer tão interessante. Mas para todos nós que aqui estamos, é diferente.
Suponhamos que estamos olhando a terra de longa distância, como se por exemplo estivéssemos em Marte, o planeta vermelho, observando nosso lindo planeta azul. Consideremos novamente, olhando de lá, aquele ponto azul lá no horizonte.
Pois é lá, que vivemos, naquele ponto azul perdido tal qual um grão de areia na imensidão do universo. Lá é o nosso lar. Lá todos são iguais, ou pelo menos deveriam ser. Nele habitaram ou habitam todos que amamos, todos que conhecemos, todos de quem nunca ouvimos falar, todos seres humanos que já existiram e viveram suas vidas.
Lá está a soma das nossas alegrias e sofrimentos. Milhares de religiões certas de si, ideologias e doutrinas econômicas. Cada herói e covarde. Cada criador e destruidor de civilizações. Cada rei e plebeu. Cada pai e cada mãe. Cada casal apaixonado, cada criança esperançosa. Cada professor de ética. Cada explorador e inventor. Cada político corrupto, cada celebridade, cada líder supremo, cada santo e cada pecador na história da nossa espécie. Todos eles viveram como nós vivemos naquele grão de pó suspenso num raio de sol, na periferia do anel de gravidade de uma galáxia denominada Via Láctea.
A terra é um palco muito pequeno numa imensa arena cósmica. Pense nos rios de sangue derramados por todos Generais e Imperadores para que em glória e triunfo pudessem ser de uma fração de segundos mestres momentâneos diante da grandeza do Universo.
Pensemos nas crueldades infligidas aos habitantes de um canto daquele planetinha aos praticamente indistinguíveis habitantes de algum outro canto daquele mundo.
Como são frequentes os desentendimentos! Quão ansiosos estão para matar uns aos outros e quão intensos são seus ódios. Nossas atitudes, a nossa imaginária auto importância, a ilusão de que temos uma posição privilegiada no universo, são desafiadas e contestadas por aquele pálido ponto azul.
O nosso planeta é um pontinho solitário na imensa escuridão cósmica. Na nossa obscuridade, em toda esta vastidão, não há indícios de que a ajuda chegará de outro lugar para nos salvar de nós mesmos. A terra é o único mundo conhecido que abriga vida. Não há outro lugar, pelo menos num futuro próximo, para onde nossa espécie possa migrar. Visitar sim. Estabelecer-se, ainda não.
Gostemos ou não, por enquanto é a terra que nos oferece um abrigo, quer seguro ou não.
Já foi dito que a astronomia é uma experiência de humildade e criadora de caráter. Não há talvez melhor demonstração maior de tolice das vaidades humanas do que quando olharmos a imagem distante do nosso plante. Ela nos faz refletir e enfatiza a nossa responsabilidade de tratarmos melhor uns aos outros e de preservar e estimar o único lar que conhecemos. E sabermos que tudo na Terra é passageiro. E como é!
Mas tudo isso só será possível quando todos estivermos imbuídos do sentimento mais nobre que existe: O amor. Esse que nos iguala a todos, em especial na fé e na caridade, que nos faz aceitar as nossas próprias fraquezas e em especial as dos nossos mais próximos.
Quem tem ouvidos que ouça, quem tem olhos que veja!
(José Cândido Póvoa, poeta, escritor e advogado. Membro fundador da Academia de Letras de Dianópolis (GO/TO), sua terra natal. (jc.po[email protected])