“A produtividade da economia nacional não avança por causa da educação pública e da carência de inovação nas empresas”.
A oração afirmativa é bem atual, mas, o problema educacional se arrasta desde o Império. Conta a história do pensamento político brasileiro, que D. Pedro II preocupado com a crítica do então primeiro mundo, com o nível cultural dos súditos do Império, determinou a um de seus ministros, o Conde da Barca, que fizesse projeto ousado destinado a romper com o atraso educacional do povo, naquele tempo, súditos do Império. Conta, além do mais, que o plano não saiu do ponto de partida, ficou nas intenções, isto mesmo, as cortes imperiais enciumadas, com a escolarização dos súditos, porquanto, dotados de cultura, saber, passariam a tramar contra a volta do reino unido: Brasil, Portugal, Algarves, ou seja, uma só coroa, desejo mor das cortes, mesmo conjurar contra o Império, proclamando a república. Dessa forma, o primeiro plano educacional ruiu, ficou apenas nas intenções do Imperador.
Hurra! A república, com o perpassar dos tempos, foi proclamada, mas não tanto pela iniciativa da comunidade sofrida, com a politicagem reinante no parlamento imperial, mais sim, pelos militares descontentes com o Imperador. Tanto que, proclamada a república, no lugar de convocar eleições, mobilizando a nação, o próprio marechal Teodoro, proclamador, abraçando o jeitinho que se tornou comunal na velha república, sagrou-se, primeiro presidente, seu consorte do feito “heroico” no campo de Santana, Marechal Floriano Peixoto, vice. Consta, nos bastidores da história, que a rivalidade, entre ambos, começou logo no primeiro ano de governo. Pasme! Qual seria, na época, a causa dos entreveros, desavenças? Ora, era modal, em toda a América Latina o caudilhismo. A disputa, rivalidade aumentou, com a cisma, medo, de um passar a perna no outro. Desse modo, enquanto Rui, ministro da Fazenda, organizava o arcabouço, estrutura financeira nacional, cabia ao governo federal, recém instalado, arquitetar robusto programa educacional, logo no nascedouro da república, capaz de preparar a comunidade brasileira, agora, não mais súdita, mas sim, cidadã, tornando-a, de fato, cidadã engajada na militância democrática. Pensar na república sem participação do cidadão na vida política, venha ser, o mesmo que confundir alho com bugalho, democracia com oligarquia.
De sorte que, enquanto no império, as cortes constituídas pela nobreza de sangue azul boicotaram a educação da plebe, pelo temor de conspiração contra a monarquia, com a proclamação, tanto, a princípio, por intuição caudilhista, como, a seguir, pela devoção coronelista dominante, por toda a velha república, a educação ficou esquecida, podia sempre esperar, dessa forma, foi empurrada para frente, embora a tentativa de Rui Barbosa, ex-ministro da fazenda, agora, nos idos de 1908, candidato a presidente da república, de resgatar a dívida. Com efeito, o “Movimento Civilista” que conseguiu, pela primeira vez, mobilizar a nação em torno de eleições limpas, tinha como propósito, implantar no país uma educação esmerada, nos moldes do então primeiro mundo, Europa. Contrariando os incrédulos da política de cabresto, canhestra, tivesse sido nosso país, realmente, educado para a democracia, nos moldes do arquitetado, a sociedade neste momento, véspera do segundo turno das eleições, estaria ativa, tanto pela eleição dos melhores candidatos, ainda mais, pela troca dos que estão no poder apodrecendo, as custas do povo, por outros novos, respaldados pela lei da ficha limpa, assim, oxigenando a república. De sorte que, marginalizada, quase toda do saber, instrução, escola, caminhou nossa população até a constituição de 1988, que passou assegurar educação para todos. Não há a negar, fincou ela, realmente, um marco indelével na história da escola para todos, de fato, está presente nos mais distantes recantos deste país, todavia, em educação quantidade, mas, em qualidade, peca até agora.
Assim, o mau desempenho de nosso ensino público pode ser observado pelos testes internacionais, de qualidade, onde o Brasil ocupa o 69º lugar, em 127 nações, citadas no índice geral de inovação. Outra prova que depõe, contra a qualidade de nossa educação, pode ser observada pelo elevado percentual de alunos, cerca de 52%, que abandona as escolas antes de terminar, concluir, o ensino médio. Ademais, segundo a educadora e pesquisadora, Dra. Jacqueline Cunha, existe, ainda, desabonando a instrução, no que diz respeito a alfabetização, cerca de 11 milhões de patrícios deserdados, pela escola, analfabetos, sem saber ler e escrever. Tamanho drama, descuido, em setor tão vital, o saber, conhecimento, espelha, diretamente, a lentidão de nosso crescimento econômico, estado de recessão, ainda, quase latente, com PIB mais nanico do continente. Fazendo coro a essa má qualidade do ensino, roubando sabedoria, conhecimento, aflora, também, o baixo rendimento no trabalho, com produtividade média de um quinto, em relação ao nosso irmão do Norte, os EUA.
Esse quadro falado induz a gente a admitir que, se as eleições de outubro, não forem vigiadas, de forma inédita pela Justiça Eleitoral, o sufrágio continuará, tão sofrível, viciado, como o anterior, não terá condições de estabelecer as bases, para romper com a política do toma lá dá cá, velhaca, inimiga da democracia, de fato. A maioria dos votos continuará, de modo rotineiro, servil, subserviente, de cabresto, do compadrio, em assim sendo, prosseguirá homologando, em maioria, os ruins e alijando do páreo, os bons candidatos. Você, leitor, eleitor, também, embora não tenha sido preparado, pela bendita escola, para a participação na vida política, maior virtude do sistema democrático, mesmo assim, tem que mudar seu pensamento, e, de forma vibrante, mobilizar, toda sorte de amigos, e estes outros tantos, para o voto consciente sapiente, revolucionário por natureza, podendo, desse modo, alavancar, promover a maior festa cívica da democracia, as eleições.
(Josias Luiz Guimarães, veterinário pela UFMG, pós-graduado em filosofia política pela PUC-GO, produtor rural)