O voto é o grande triunfo da democracia, porque é um instrumento disponível para todas as classes de eleitores, o voto não tem cor, não tem sexo e nem religião, na urna tanto o voto do rico, do pobre, do branco, do negro, do homossexual e do heterossexual possuem o mesmo valor. O voto é livre nas mãos de quem o detém porque é através dele que votamos em qualquer candidato, em qualquer partido, podemos usar o voto até mesmo, de forma contraditória, por exemplo, quando votamos em branco ou votamos nulo.
É comum ouvirmos a seguinte expressão: “ O brasileiro ainda não aprendeu a votar corretamente”, todavia, se não tivéssemos o voto como um meio legítimo de escolher os nossos representantes seria muito pior, no Brasil, por exemplo, tivemos um período de Ditadura militar e as consequência foram drásticas, milhares de pessoas foram mortas e torturadas, a lei da censura foi implantada severamente, a liberdade de expressão e de imprensa foram tolhidas, muitos jovens que lutaram contra a ditadura foram mortos, e alguns deles nem os seus corpos foram encontrados, impedindo os seus familiares de fazer um sepultamento digno. Na democracia por mais que erramos na escolha dos nossos candidatos temos a oportunidade de corrigir os nossos erros nas eleições que se sucedem.
Democracia é uma palavra de origem grega que significa “governo do povo”, é formada pela junção de duas palavras: Demo = povo e Kratos = poder. A democracia ainda não se concretizou em sua essência porque essa concretude está relacionada com o nível de conscientização mas por outro lado, podemos observar que a cada eleição tem acontecido importantes renovações, por exemplo, na última eleição do dia 07 de outubro em Goiás, por meio do voto, os eleitores goianos surpreenderam muitos candidatos veteranos que não conseguiram se reelegerem, como é caso do ex-governador Marconi Perillo, que depois de vinte anos no poder em Goiás, perdeu a eleição para o Senado ficando em quinto lugar, da Senadora Lúcia Vânia que é uma figura tradicional da política em Goiás, foi primeira dama do Estado, no período de 1974 a 1978, na época ela era esposa do ex-governador Irapuan Costa Júnior, foi deputada federal, e há dezesseis anos ocupava o cargo de Senadora, mas perdeu a sua cadeira, devido a eleição de Vanderlan Cardoso e Jorge Kajuru, ficando em quarto lugar na disputa. Dona Iris, esposa do prefeito Iris Rezende, também não se elegeu para deputada federal, o ex-senador Demóstenes Torres , o deputado federal Roberto Balestra, o deputado federal Sandes Júnior o deputado federal Jovair Arantes, os deputados estaduais: Santana, l Isaura Lemos e Francisco de Oliveira.
O voto destrona políticos entronizados como se fossem reis, leva para o anonimato políticos que se assemelham a déspotas vestidos de democratas, extingue poderes daqueles que se revestem do poder fugaz achando que o poder é eterno. O voto ensina democracia ainda que de maneira dolorosa para os políticos viciados em reeleições e anestesiados pela amnésia, pois, se esquecem de que os mesmos eleitores que elegem são os mesmos eleitores que não mais reelegem. O voto acaba com a arrogância de políticos truculentos e que não aceitam críticas, não respeitam a diversidades de ideias, e até perseguem os que não concordam com as suas decisões arbitrárias. O voto é o protesto silencioso do eleitor enganado publicamente, pelas propostas mentirosas por parte dos políticos que a cada eleição prometem aquilo que nunca poderão realizar. O voto é um meio de desencastelar parlamentares e governantes que se escondem em seus palácios e prédios suntuosos, sempre rodeados de “puxa sacos” e separados do povo fazendo-se de cegos, mudos e surdos ante o clamor da multidão, que sempre cobra os seus direitos constitucionais, tais como: Educação, saúde, moradia, segurança e transporte público. O voto é um protesto mudo depositado na urna secreta mas que depois de apurado torna-se público, quando o resultado do pleito vem á tona e muitos políticos de carreira são surpreendidos com a derrota eleitoral.
O voto é um paradoxo na mão do povo porque ora ele suscita figuras estreantes na política, e ora ele exclui da vida pública os políticos decrépitos e de ideias já carcomidas pela mesmice e pelo continuísmo. Viva o voto!
(Giovani Ribeiro Alves, filósofo, professor, escritor, poeta e articulista do Diário da Manhã)