Aqui no meu surrado notebook, mais antigo do que andar para frente, o CD, Tom Canta Vinicius, gravado ao vivo, vai me desconcentrando desse primeiro turno da eleição mais estapafúrdia de que eu tenho notícia. Só espero que o governo que será gerado não mereça tal palavrão, estapafúrdio, a qualificá-lo. No que não acredito muito.
De uma coisa estou certo: se em 90 dias o ungido não colocar as cartas na mesa e não disser a que veio o dobro dos que foram para a rua cobrando mudanças, voltarão. As bandeiras, os bonecos infláveis e as faixas com o dizer, “Fora!”, apenas foram guardados nalgum canto da casa -e bom que não esqueçam.
E as redes sociais, vixe! Haja charge e fake news para alimentá-las. Tudo de acordo com o poeta Castro Alves para quem “A praça, a praça é do povo! Como o céu é do condor!”. Pois então...
Ah, tem outra coisa: não adianta dizer que não tem recursos, que arrasaram o erário etcetera e tal. Façam milagre, ué. Durante a campanha não tinham solução para tudo? Quem pariu Mateus que o embale.
De volta ao CD, porque do segundo turno nada a dizer, mas prestando muita atenção às trucagens que serão usadas.
Tom Jobim se fez acompanhar dos craques: Paula Morelenbaum (voz), Paulo Jobim (violão), Danilo Caymmi (flauta) e Jaques Morelenbaum (cello), num show de poesia harmônica. Vou me deliciando.
São 17 faixas do que há de melhor da música popular brasileira. Eu disse 17? My God! Aí já é perseguição, me deixe ouvir as músicas, pô!
Soneto da Separação abre o CD. Depois, Valsa de Eurídice, Serenata do Adeus, Medo de Amar, Insensatez, Poética, Não Existo sem Você, Derradeira Primavera, Modinha, Eu Sei que Vou te Amar, Carta ao Tom/Carta do Tom, A Felicidade, Você e Eu, Samba do Carioca, Ela é Carioca, Garota de Ipanema e Pela Luz dos Olhos Teus.
Eita! Sobre a mesa uma tabua de queijo minas fresquinho e um cafezinho quentinho. “Bão dimais”.
(Iram Saraiva, ministro emérito do Tribunal de Contas da União)