Entre os vários desafios do novo Presidente a tomar posse está o de tornar realidade um sistema de ensino em que filhos de patrões e de empregados possam estudar na mesma escola e que esse sistema gere uma capacidade de inovação significativa que permita impactar a economia, de modo que essa cresça com estabilidade social. A escola tem que ser boa para o rico e para o pobre. A escola tem que ser boa para que possamos melhorar de forma conjunta, sempre. As melhoras decorrem da soma da capacidade das pessoas atuando em conjunto para as mesmas finalidades.
País sem formação, ou país que despreza a formação intelectual é país sem futuro. É perceptível que se não avançarmos nesse seguimento estaremos insistindo no absurdo do subdesenvolvimento e pior, manteremos a desigualdade atual que impede o país de usar todo o potencial de trabalho livre, mantendo uma escravidão intelectual, que por si só mantém o subdesenvolvimento.
A boa educação propicia condições para sair da pobreza, tanto pessoal como na totalidade do país, pois a boa educação é sempre acompanhada de inovação. É fácil de entender: uma força poderosa cria uma diferença de potencial, essa diferença obriga ao movimento, o movimento desloca a pessoa para outro ponto. O raciocínio se aplica aos países também. É o conceito de trabalho, é a força e o deslocamento.
O desafio de melhora é enorme, pois o país necessita de um salto enorme também para se igualar minimamente à China, por exemplo, no sistema de ensino. Criar bons sistemas de ensino, manter mestres e atrair jovens brilhantes para o magistério é só um dos desafios. Desnecessário se falar sobre bons salários, boas escolas, bons equipamentos tecnológicos, boas metodologias, etc.
Como país estamos amarrados a um sistema que não deslancha, talvez porque culturalmente não valorizemos o conhecimento. Estamos muito ligados a um sistema produtivo gerador de renda e não percebemos que a riqueza verdadeira está no conhecimento. Conhecimento é teoria aplicada, com resultados objetivos.
Interessante é que nunca percebemos movimento de nenhum partido político ou de governantes no sentido de se implantar sistemas de ensino eficazes, que gerem conhecimento de verdade e não simplesmente número de pessoas matriculadas em escolas e universidades, até porque nos vários níveis não é necessária a meritocracia para avançar entre as fases, basta pertencer a um determinado grupo social enquadrado como minoria que o avanço acontece naturalmente.
Conhecimento de verdade que gera inovação de modo a competir no atual cenário mundial não está a acontecer no país, salvo em poucos nichos com pouca significação estatística e alguma significação econômica. Nas condições atuais, conhecimento e inovação implicam obrigatoriamente em baixíssima degradação ambiental também. Gerar ganhos econômicos com grandes impactos no ambiente faz com que a balança de benefícios se mantenha desequilibrada, pois os custos de reparação são enormes e incalculáveis até. Não estamos olhando para a frente, estamos presos ao passado e parados no presente. É um problema. Não estamos realizando trabalho.
(Dioremides Ajala Cristaldo, 68 anos, sanitarista, gestor em saneamento, gestor de processos, cultura universal)