1/ As mulheres têm uma tendência mais exibicionista que os homens, que são mais voyeuristas. É um modo de se mostrar, a mídia capta isso, geralmente reproduz as mais bonitas.
2/ Ao mesmo tempo que exercem o prazer do exibicionismo, estão a dizer : “os homens não controlam minha sexualidade”, “os homens nos querem como posse”, “rejeito homem possessivo”.
3/ Os homens nos vêem como objeto sexual, vou “agredi-los” mostrando-lhes como é “agressivo” eu ser vista como um objeto sexual. Só que, no fundo, sabem que, para grande parte dos homens, elas não estão sendo “agressivas”, estão apenas, exibicionisticamente, alimentando o voyeurismo deles. É, portanto, uma “pseudo-agressão” aos homens.
4/ Funciona mais como uma “agressão às mulheres comportadas dos homens de quem elas têm raiva”. As mulheres “de família”, “recatadas e do lar”, aquelas que “toleram estes machos dominadores”, estas irão ficar com raiva de mim (elas pensam). “Que ótimo, queremos agredir mesmo estas submissas donas-de-casa, cristãs, mães, dependentes de marido, acorrentadas ao casamento”.
5/ Ao mesmo tempo, querem se mostrar , de algum modo, “apetitosas” para os voyeuristas, mostrarem-se para suscitar a libido deles. Pensam em “castigá-los” mais uma vez: “olhe aqui o que você está perdendo”, “veja como sou linda, só prá mim, não prá você”, “uma mulher se embeleza para si, não para um homem”, “veja que tipo de mulher fogosa você jamais terá na cama”, “fiquem aí com suas mulheres-pastéis para fazer papai-e-mamãe”.
6/ Sou mulher fogosa, sexualizada, mas não para o papai-e-mamãe do casamento xôxo. Sofra aí calado por não me ter. Sofra aí por não poder dominar uma mulher que quer exercer sua própria sexualidade, que é fogosa, sem-vergonhas, sem-censuras, sem-limites. Uma sexualidade que você gosta mas não irá conseguir dominar com um casamento, com uma barriga de aluguel, uma gestação, um filho, um cartão de crédito, um assento na primeira fila de sua igreja evangélica.
7/ Mostro-me escatológica, escandalosa, desvairada, porque sei que, na cama, você, seu macho moralista-dominador, gosta mesmo é de mulheres “loucas” e “descontroladas”. Mais uma vez, veja o que está perdendo. Não é com uma frequência semanal na missa, ou no culto espírita cristão do Lar, que você irá me domar, me possuir, me controlar, me vigiar. Sou livre ! Olhe aqui como, sem roupas, defecando nos seus símbolos, eu desafio seu moralismo de superfície, seu macho adúltero, infiel, hipócrita (diz que me odeia mas me deseja, na verdade).
8/ Minha liberdade, manifesta com minha nudez, minha escatologia (defecação, sacrilégio de símbolos religiosos, etc), é proporcional à raiva que tenho de seu domínio. Não quero viver minha sexualidade passivamente, submeter-me passivamente à sua sexualidade e a seus desejos.
9/ Eu sou um ser desejante próprio, nunca precisei de homem para me prover de nada, de recursos e nem de segurança ou de amor. Fiz-me sozinha, e minha sexualidade é exercida pelo que ela é, um “instinto carnal”, como este que estou lhe mostrando agora”. Não é uma “sexualidade sob o signo do amor”, pois não reconheço este amor em você, nunca o recebi de você, portanto, do homem, não tenho carinho, protenção, cuidados, concernimento.
10/ Só me viram como objeto, e estou devolvendo isso à vocês, estou jogando isso na sua cara. Veja aqui na minha manifestação o que é uma mulher puramente e instintualmente sexualizada, sem um amor ou um cuidado que você nunca me deu. E, sem um cuidado, sem um amor, minha sexualidade não precisa de um outro, ela basta-se a si mesma, ela se fortalece consigo mesma, ela se admira a si mesma, ela se empodera por si.
(Marcelo Caixeta, psiquiatra)