No clima temperado, frio, a floração aparece de forma opulenta, imponente na primavera, já nos trópicos, como que procurando alegrar o cenário ressequido pela estiagem, sem dúvida, a cada ano mais abrasadora, agora, então, martirizada pelo sol causticante, como anunciado pela ONU, dois graus acima do normal, a floresta, restingas que sobraram da máquina, fogo, passa a florir e frutificar de forma diversificada. Não obstante, o abrupto aumento do calor, os dois últimos anos estão sendo castigados por chuvas escassas, sua falta assola toda a imensidão da região centro-oeste. Assim, por magia ou não da mãe natureza, a floração arbórea começa, antes de maio, este, em nosso clima, considerado o mês das flores e avança alternando, umas com as outras, sequidão afora, até chegar e, mesmo, ultrapassar a estação primaveril. De modo que, cada árvore, consoante espécie e região, ou micro região, vem florindo em tempo diferente. As acácias, como exemplo, alegrando a paisagem aos transeuntes, floriram na região norte do estado, no mês de abril e permaneceram enfeitando a natureza, alegrando a gente que passa pela estrada, estrada, ora poeirenta, quando de terra, ora fumacenta, quando asfaltada, neste caso, bem diferente daquela que Castro Alves, poeta que se celebrizou, pela luta que encetou contra a escravidão: “Caminheiro que passa pela estrada, seguindo o rumo do sertão, quando vires uma cruz abandonada, deixa-a dormir em paz na solidão, é de um escravo humilde sepultura, foi- lhe a vida inteira o velar de insônia atroz, deixa-o dormirem leito de verdura, que o senhor dentre a selva lhe compôs. No entanto, ele se celebrizou mais, nessa sua luta, com o poema:” Navios Negreiros”. Voltando à natureza em floração, falava da acácia, ela permanece florida, ornando a paisagem ressequida por um om tempo, creio, quase de três meses, alegrando as vistas dos transeuntes que passam pela estrada. Contudo, o mais inolvidável é que, cada espécie vem florando, em períodos diferentes, como o Ipê Roxo, ora em floração, ao longo dos vales, pela sua coloração exuberante, desperta, alegra as vistas dos caminheiros à grande distância. Imagine, esse outro, o Jequitibà, ou, bingueiro, floresce, um, em tempo diferente do outro, sua flor, cor da paz, branca, é pouco visível, mas você leitor, percebe, descobre-a pelo aroma, é ela, bastante cheirosa. Pouca gente sabe, mas seu lenho, madeira, é excelente para fabricação de móveis, moveis, cobiçados pelas famílias de gosto requintado, alto estamento social. Além do mais, de longa durabilidade. Enfim, não poderia deixar de fazer meu comentário sobre o Pequizeiro, sobranceiro, na região do norte goiano, Tocantins afora, começou a florar, este ano, de forma copiosa, em julho, mas sua floração acontece, comumente, em maio, junho, porém, ela, floração, avança, meses afora, na direção do sol nascente, sentido oeste-leste, até novembro, portanto, de forma encadeada, possibilitando a oferta de seu cobiçado fruto, nas feiras, por um bom tempo. Como, quase nada produziu, no ano passado, pela floração intensa atual, espera-se safra generosa. Assim, a mãe natureza, ao que parece, querendo reparar a escassez, do dito ano, de seus saborosos frutos, desabrochou, com pomposa ou copiosa floração. Ao relembrar a natureza generosa, vem-me a mente, a Reunião do Clima de Paris, realizada em 2015, bem como, seu compromisso, de começar em todo o nosso planeta, laboriosa campanha visando a reduzir, fazer declinar, os efeitos deletérios, decorrentes da crescente poluição, envenenamento da atmosfera, pelo maldito gás carbônico, de efeito estufa, proveniente da queima de combustíveis derivados do petróleo, fonte de energia mais suja da terra. Ademais, como se não bastasse sua sujeira, avulta-se, também, para agravar o ambiente aéreo, as queimadas, desmatamento abusivo, os centros populosos, neles, os arranha- céus, com área verde baixíssima, bem inferior, em média, ao padrão recomendado pelas Nações Unidas, de 12 metros quadrados, por cada morador, agravado pelo aumento populacional e animal do mundo. Bem, nesta época do ano, agosto, angustioso, seco muito seco, me faz lembrar do próximo mês, o setembro, de intensa floração nos países de clima frio, porém, aqui nos trópicos, costuma, como no último ano, correr seco, pobre de chuvas, nem por isto, ele, mês de setembro, deixa de ser consagrado mês da árvore, e, o dia 21, sua data comemorativa. A arvore representa, constituí, o símbolo da vida em nosso, ora, congestionado planeta. Portanto, em tempo, você como eu, pode fazer, valendo-se da cidadania, muito, pelo nosso clima, um tanto deteriorado. Sim senhor, imbuído da ainda imbérbere cidadania, ou seja pouco praticada, você leitor, saindo da inação, para a ação, munido de civismo, pode fazer corrente e formar opinião, concitando todas as pessoas de seu ciclo de relacionamento, tanto a fazer algo para tornar nosso o clima, novamente, saudável, como, de forma ordeira, legal, cutucar os governantes, gestores contratados pelo voto, para promover o bem estar da sociedade, comunidades: urbana e rural, no sentido de acionar seus organismos afins, instituições ambientais, agrícolas, a promoverem, em cada município, semana festiva com todos, mormente a meninada das escolas, professoras, plantando árvores, e, ao mesmo tempo, cantando, bem alto, o hino, hino da bendita árvore, quiçá, as frutíferas, saborosas como a mangaba, guabiroba, cajuzinho, todas do cerrado. Entretanto, há, além disso, as frutíferas da mata, nela, a amazônica, de forma generosa, produzindo: cupuaçu, açaí, graviola, bacuri, além de outras. A maioria dos governantes se não for lembrada, cutucada, pressionada, pela sociedade que paga a conta, faz ouvido mouco. Por isso leitor, por falta de ação, participação, a nossa república encontra-se enferma, toda mascarada, desvirtuada de sua função legal, advindo, como resultante, a descrença do povo. Então, para acabar com essa doença, o remédio, tônico reconstituinte, encontra-se na alternância do poder, acabar com o fisiologismo político-profissional. O negócio é tão bom, que ele, uma vez eleito, fica a vida toda politicando, politicando as custas dos contribuintes de impostos, A democracia para ser de fato democracia, tem que mudar a cara dos gestores públicos, em todas as eleições. Na atual conjuntura, o cargo de político, político-profissional, como chamado, é tão bom, carregado de privilégios, mordomias, que o candidato, uma vez eleito, assenta praça, transformando-o, em feudo, nunca mais quer sair da nobre profissão, ora, um tanto degradada, por culpa, máxima culpa deles, gestores públicos. Por isto, você, sociedade eleitora, tem que participar, propugnando por instrução nas salas de aulas, para preparar alunos, a juventude, no tocante a teoria e prática de política nas escolas, preparando os estudantes para a vida pública, política como arte de promover o bem estar de todos patrícios. Na sociedade adulta, instrução extra escolar, ensinando o eleitor a votar de forma consciente, sepultando, nas profundezas, o voto subserviente, de cabresto, compadrio, tornando-o, arma mais valiosa do eleitor, portanto, capaz de premiar os bons, e, punir os maus candidatos. Não obstante, a toda ordem de desatinos na política, e, mesmo, o fogo serrado contra a mãe natureza, impunidade na política, volto a exaltar a árvore, nossa maior amiga, que além do oxigênio indispensável à vida, proporciona frutos, sombra, energia, calor nos dias friorentos. Além do mais, flores para alegrar a vida, o ambiente que vivemos. Das flores, remontando, outra vez a elas, a caraíba, de beleza ímpar, desde o mês de junho, de forma esparsa, florindo, alegrando a vida dos caminheiros, ao longo das estradas e pradarias.
(Artigo publicado originalmente em 13/10/2018, no OpiniãoPública, nesta mesma página)
(Josias Luiz Guimarães, veterinário pela UFMG, pós-graduado em filosofia política pela PUC-GO, produtor rural)