Em dez anos, a obesidade avançou em todas as faixas etárias no Brasil. Um em cada cinco brasileiros está obeso, mais da metade dos adultos está com excesso de peso e um terço das crianças estão fora do peso ideal. No dia 11 deste mês é comemorado o Dia Mundial de Combate à Obesidade e os dados alarmantes como esses mostram que a doença é uma epidemia nacional e precisamos, com urgência, falar sobre meios de combater seu avanço.
Se os índices continuarem crescendo, em 2022 estima-se que quase metade dos menores sofrerão com a obesidade infantil, por isso é importante conscientizar a sociedade que a obesidade é uma doença multifatorial que precisa ser tratada com respeito, evitando culpabilizar o paciente e buscando não disseminar informações sensacionalistas com receitas milagrosas e medicamentos sem prescrição médica.
Para casos de sobrepeso, a reeducação alimentar, a diminuição do consumo de alimentos industrializados e açucarados e a prática regular de exercícios físicos já ajudam o paciente a melhorar sua saúde. Infelizmente, para alguns casos de obesidade em que a saúde está fragilizada, existem doenças associadas e muito peso acumulado, a saída são procedimentos mais complexos ou cirurgias. Porém, a boa notícia é que para qualquer grau de obesidade existe tratamento e as pessoas têm buscado por ele. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, o número de cirurgias bariátricas saltou de 60 mil em 2010 para 100 mil em 2016.
Para os pacientes que não têm indicação de realizar a bariátrica, o balão intragástrico e a gastroplastia endoscópica podem ajudar muito na perda de peso. A gastroplastia endoscópica é um procedimento seguro, que reduz até 60% do volume inicial do estômago, sem cortes ou incisões no abdome. Os riscos de complicações são mínimos e a recuperação é rápida.
A técnica minimamente invasiva começou a ser realizada no Brasil em 2016 e já foram mais de mil procedimentos registrados em todo o país. Em Goiânia, já é realizada há um ano, com maioria absoluta dos pacientes registrando perda de mais de 10% do seu peso corporal nos primeiros três meses.
Porém, para indicação do tratamento o paciente passa por uma ampla avaliação, semelhante à da cirurgia bariátrica e o acompanhamento com a equipe multidisciplinar após o procedimento é fundamental para manter a perda de peso a longo prazo e conquistar a qualidade de vida desejada. Médico, nutricionista, psicólogo, educador físico, entre outros profissionais se unem nesse tratamento que é para toda a vida.
(Luiz Henrique de Sousa Filho é médico gastroenterologista e endoscopista)