Flamboyants
Eu não cantei ainda os flamboyants floridos,
Alegres, majestosos, multicores,
Que, ao vir da primavera, embevecidos,
Policromos, sensuais, adornam-se de flores.
E, enfileirados, vão, floridos e felizes,
Balouçando a ramagem espontânea,
Como saudando, a rir, em rútilos matizes,
As amplas avenidas de Goiânia.
E nas quentes manhãs de setembro com de outubro,
Quando o vento lhes beija as franças, no alto,
Sussurram, musicais, despetalando o rubro
Véu de flores vermelhas pelo asfalto.
Uma a uma, gozando os afagos eóleos,
Oscilai e treme, e cai serenamente.
Em breve, o asfalto está como manchado de óleos,
— Atapetado aprimoradamente...
(Gilberto Mendonça Teles, no livro “Hora aberta – Poemas reunidos”.)
Inspirada neste belíssimo poema do grande poeta goiano, antecipo a homengem a minha querida cidade de Goiânia, a ela todos os louvores durante a semana de 24 de outubro. Sem egoismo nenhum quero chamá-la de minha e contar os segredos de uma jovem cidade, que nasceu do seio rural e se tornou urbanamente bela! Nasceu também pelas mãos fortes de um idealizador chamado Pedro Ludovico Teixeira, mas ao seu lado estavam outros idealizadores vindos da terra, que arregaçaram as mangas enfrentando os desafios de um sertão de cerrado, de poeira e de muito trabalho.
Eis minha cidade, majestosa com seus quase um milhão e meio de habitantes. Ela tem histórias que podem ser encontradas em cada canto por onde passamos. Histórias que tenho o privilégio de ouvir ou até mesmo sentir nas entrelinhas do tempo e nos espaços por onde ando. Tenho muito orgulho de dizer que sou parte desta história, não apenas pelos anos que aqui vivo, mas pelo privilégio que tenho em poder participar da vida social e política de Goiânia. Se compararmos Goiânia com outras grandes metrópolis, podemos cosiderá-la caçula, pois o seu nascimento se deu em 24 de outubro de 1933, em um planalto onde Pedro Ludovico lançou a pedra fundamental, local que se encontra o Palácio das Esmeraldas, na Praça Cívica. Diversas caravanas oriundas do interior do estado saíram prestigiar o evento, ocasião em que foi celebrada uma missa solene. Após a missa, foi iniciada a roçagem do lugar e Pedro Ludovico proferiu um discurso em que previa que "dentro de cinco anos, grande porção desta área destinada à futura cidade estaria coberta de luxuosas e alegres vivendas" Ele estava certo, só não previu que nossa cidade se tornaria uma metrópole tão rapidamente. Sim, rapidamente, porque dessa data para cá passaram-se apenas 85 anos. Se avaliássemos a grandeza de todos os acontecimentos nestes anos, veríamos que seria quase impossível de caber neles tantas lembranças, tantos desafios, tantas histórias. Ainda podemos ouvir as pessoas contarem fatos do início de Goiânia, como se o tempo tivesse parado ali, mas não, nossa cidade teve uma explosão demográfica, arquitetônica e urbanística fantástica! Hoje somos uma cidade grande, com todas as peculiaridades das grandes metrópolis. Enfrentamos sim, as dificuldades oriundas dos problemas socias, que assolam todo o nosso país, mas ainda assim, nossa cidade ostenta os melhores espaços verdes, boa culinária, ótimos ambientes para lazer e descanso.
Aqui nos surpreendemos a todo o momento com encontros inesperados de velhos amigos; com toda sorte de regionalismos na alimentação, na linguagem, na preservação dos costumes familiares, enfim, Goiânia é uma cidade eclética, porque sabe acolher as pessoas indiscrinadamente, com suas peculiaridades, valores e costumes. É isto que a torna hospitaleira e gigante! Na minha intimidade com Goiânia posso dizer a ela que sonho o mesmo sonho dos bravos de outrora, pois aspiro um futuro com todas as benesses de uma vida plena e feliz para todos que nela vivem. Mais uma vez reitero meu privilégio de viver aqui. Sei que estamos enfrentando as dificuldades permeadas pela violência, mas bem sabemos que este é um problema que se alastra pelo país afora. Entretanto temos a esperança de que novos rumos serão traçados nos destinos do Brasil.
Nesta data do aniversário de Goiânia, quero mais uma vez dizer que nossa cidade está de parabéns, pelas praças, ruas e avenidas por onde pasamos, pelas pessoas que aqui vivem, pelos jardins, pelos bosques, pelo progresso, pela economia, enfim, pela beleza que ela ostenta. Não posso me furtar também à realidade, seria até demagogia dizer que aqui não existem problemas, é natural que em uma metrópole, a cada dia, eles se renovam, por isso não podemos cruzar nossos braços e nem nos curvarmos diante das dificuldades que sabemos que existem, não só em nossa cidade, mas no mundo inteiro, principalmente nos grandes centros, seja pelas situações econômicas, climáticas, ambientais, culturais, religosas etc. Foi pelo caminho do trabalho, de lutas que Goiania chegou ao porte de cidade grande. Mas os desafios continuam e é preciso enfrentá-los cotidianamente, pois cada cidadão que aqui vive tem o dever de zelar pelo seu chão.
Parabéns Goiânia! Que Nossa Senhora Auxiliadora, padroeira de Goiânia, interceda a Deus pelos nossos governantes e por todos nós, que aqui vivemos e sonhamos com uma cidade cada vez melhor!
(Célia Valadão Superintendente de Habitação e Regularização Fundiária, Cantora e Bacharel em Direito)