Reconhecendo o valor inestimável do núcleo familiar, a Organização das Nações Unidas instituiu o Ano Internacional da Família em seu Calendário Oficial, ainda em 1994, cujo lema foi: “Construir a pequena democracia no coração da sociedade “.
O valor da família, no mundo contemporâneo, é conquista nobre no processo antropológico- sociológico. Família é instituição que remonta às origens da humanidade. Varou os milênios preservando seus valores essenciais.
Através dos tempos ela se manteve. Inimagináveis experiências levam-na a preservar seu direito de existir.
O homem é um ser gregário, movido pelo instinto de conservação, desde épocas primevas. Sempre sentiu e sente, na maior parte das vezes, a necessidade de viver em comum, como forma facilitadora de vencer os desafios que lhe são exigidos para sobreviver.
De uma forma ou de outra os ajuntamentos sociais moldam os valores culturais. Isso confirma o que já se sabe: o homem não é uma ilha. Aos trancos e barrancos segue, em seus núcleos, na conquista do progresso intelecto moral.
Embora o estado de natureza seja o da união livre e fortuita dos sexos, a monogamia constituiu um dos primeiros atos de progresso nas sociedades humanas, porque estabeleceu a solidariedade fraterna. É o que se observa entre todos os povos, ainda que em diferentes condições.
Mantendo-se o homem em estado de poligamia, estaria em nível abaixo do de certos animais que lhe dão o exemplo de uniões constantes, conforme registra O livro dos Espíritos – Allan Kardec, FEB Editora, nas questões 700 e 701.
Através dos tempos os pequenos núcleos familiares, com o aumento da população, chegaram ao casamento, que é um progresso na marcha da humanidade. A supervisão espiritual superior, na referida obra, define: “Os laços sociais são necessários ao progresso e os laços de família tornam mais apertados esses laços sociais.”
Conclui-se que os laços de família são uma lei da Natureza. Lei que preconiza aos homens a fraternidade que os leva a amarem-se como irmãos.
A família é para a sociedade o que a célula é para o organismo: mantém sua individualidade e autonomia; interage uma com a outra em constante interdependência.
Declara o Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo XIV que há duas espécies de família: as famílias pelos laços do Espírito e as famílias pelos laços corpóreos.
Nesses laços reúnem-se todos aqueles que se comprometeram no Além, a desenvolver na Terra uma tarefa construtiva de fraternidade real e definitiva.
A missão da família transcende os valores materiais restritos ao desenvolvimento econômico e cultural. Sua missão é estreitar os laços através da reencarnação, que é o filtro pelo qual os Espíritos se aprimoram , progridem, proporcionando a depuração gradual da sociedade. É no lar que se moldam os caracteres através da conexão da rede famíliar.
Embora ocorra nas formações familiares a reunião dos ódios e das perseguições do pretérito obscuro, a finalidade é uma só: transfundir em solidariedade fraternal os ajustes das diferenças com vistas ao futuro.
O que prepondera nesse instituto divino são os elos do amor, fundidos nas experiências de outras eras.
O benfeitor espiritual Emmanuel, no livro O Consolador, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, tece comentários elucidativos quanto aos objetivos dos núcleos familiares, na organização planetária.
Informa- nos ele sobre as funções da família: “É nas dificuldades provadas em comum, nas dores e nas experiências recebidas na mesma estrada de evolução redentora, que se olvidam as amarguras do passado longínquo, transformando-se todos os sentimentos inferiores em expressões regeneradas e santificantes.
“Purificadas as afeições acima dos laços de sangue, o sagrado instituto da família se perpetua no infinito, através dos laços imperecíveis do Espírito”.
(Elzi Nascimento – psicóloga clínica e escritora / Elzita Melo Quinta - pedagoga – especialista em Educação e escritora. São responsáveis pelo Blog Espírita: luzesdoconsolador.com. Elas escrevem no DM às sextas-feiras e aos domingos. E-mail: iopta@iopta.com.br (062) 3251 8867)