O que se pode dizer é que as eleições deste ano, bem mais do que as passadas, mandaram alguns parlamentares envolvidos em escândalos e também outros não envolvidos - como o mineiro Marcus Pestana ,atingido talvez pelo efeito Aécio Neves - para casa. As urnas lhes tiraram seus mandatos. Os motivos são vários, mas sabe-se que o eleitor quer mudança, embora não sabia como mudar. A bem da verdade, talvez nem saiba o que pretende mudar. De qualquer maneira, mudanças só vão acontecer se o presidente eleito assumir a liderança de um processo de reforma política que até agora nenhum presidente, desde JK, pensou mesmo conduzir. A verdade é que os que estão lá - os senadores e deputados – impedem a realização de qualquer reforma que possa vir, num futuro próximo, a atingi-los. Mais. Ao Executivo interessa pouco, para não dizer que em nada interessa, um Legislativo mais coerente, com seus membros compromissados com projetos discutidos com a sociedade. Uma reforma que consagrasse, por exemplo, o voto distrital, mudaria profundamente o perfil do parlamentar, inviabilizando a política do “é dando que se recebe”, tão a gosto do Legislativo e do Executivo. Às vezes até do Judiciário. Mas mesmo sem reformas, a mudança provocada pelas urnas deste ano foi significativa. Nomes como Romero Juca, Eunicio de Oliveira, José Agripino Maia, Edson Lobao, Marco Maia, Garibaldi Alves Filho, o mineiro Luís Fernando Faria, Jorge Viana, Cristovam Buarque nem imaginavam que seriam defenestrados pelo eleitor. Mas, apesar de significativa pelos nomes envolvidos, é uma renovação ínfima em relação ao que é necessário. Todos os partidos, envolvidos com a corrupção e os "malfeitos," como dizia a derrotada Dilma, foram atingidos. Agora é esperar para ver se não estamos trocando “seis por meia dúzia”, como diz a sabedoria popular. A dúvida é porque as mudanças foram feitas por impulso. Não por convicção quanto a qualidade do novo escolhido. Trocamos, pronto. Se para melhor ou pior, veremos com o tempo.
(Paulo César de Oliveira, jornalista e diretor-geral da revista Viver Brasil e jornal Tudo BH)