“(...) vale a pena a inserção de Josias Luiz Guimarães na sede da Emater. Mais que justa uma homenagem eterna a esse grande extensionista e disseminador do agro moderno”
O nome de Josias Luiz Guimarães para a sede da Emater-Goiás me foi sugerido por um admirador de sua obra, após missa de sétimo dia pela sua alma, na Igreja Nossa Senhora de Fátima, em Goiânia. Endosso plenamente a sugestão. Faz jus a tudo que ele fez pela extensão rural, associativismo e ainda o desenvolvimento de projetos agropecuários que resultaram o que se vê hoje na economia goiana. Sua contribuição, realmente, é notável.
Incrível, Josias plantou na frente da sede da Emater pés de mogno. Abro um parêntese, para manifestar a minha indignação com o nome dado à empresa: Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária. É como se a Coca-Cola trocasse de nome e perder a sua marca. E o produtor lá da roça como fica? Graças a outros artigos de minha autoria, buscaram o nome Emater e o mantiveram. É confuso explicar, senão me perco na ideia do nome do Josias Luiz Guimarães para a sede da empresa.
Mas, voltando ao foco inicial: hoje, essas árvores ficaram adultas. Decorridos uns 40 anos de seu plantio, mostram-se viçosas, proporcionando sombra na Rua Geraldo Vale, nome de um jornalista goiano e que foi inclusive presidente da AGI – Associação Goiana de Imprensa.
Embora já conheça o mogno dos meus tempos de criança em Araguatins, no Bico do Papagaio, recorri ao Google para uma melhor definição. Mogno é o nome comercial utilizado para designar as madeiras de origem tropical com coloração castanho-avermelhada, grão fino, grande dureza e elevada densidade provenientes de árvores da família das Meliaceae.
Estas madeiras são fáceis de trabalhar, duradouras e muito resistentes à compressão e torção, características que as tornam muito procuradas para marcenaria, entalhes, decoração e para acabamentos de interior de imóveis. Por apresentarem baixa velocidade de transmissão do som, são usadas para fazer instrumentos musicais. A elevada procura leva a que atinjam elevado preço. Atualmente, o mogno africano foi transplantado para o Brasil e sua cotação tem alto valor aqui mesmo em Goiás. Pois é, ele queria uma mostra dessa árvore e sua madeira nobre em Goiânia.
E, surpreendam-se mais nos atuais tempos de tsunami eleitoral, Josias não tolerava a corrupção em qualquer nível. E isso quem me relata é um contemporâneo seu de “república longe da mãe”, ou seja, um pequeno quarto, que abrigava a quem era do interior e escolhia a Capital do Estado para estudar.
Ninguém nada mais nada menos que Batista Custódio dos Santos, o jornalista que veio de Caiapônia, nos idos de 50 um verdadeiro sertão goiano. Josias era de Marzagão. Um virou jornalista combativo e poeta nas horas vagas e o outro um médico veterinário, um filósofo e à sua maneira um combativo defensor da moralidade pública.
A amizade nascida nessa “república” manteve-se firme com o passar dos anos. Batista lembra com satisfação que Josias entrava redação à dentro para entregar, pessoalmente, ao editor geral do Diário da Manhã litro de mel de abelha, talvez àquelas mesmas que num lance de foice, para aparar o mato, acertou em cheio a colméia e tirou a sua vida, certamente num ataque de plena defesa. Logo, o Josias que criou o Projeto de Apicultura destinado a fomentar o cultivo de abelhas pelos pequenos produtores e favorecer a sua renda num processo de diversificação.
Josias, sem dúvida, constituiu-se no bandeirante moderno. E acho que vale a pena a inserção de Josias Luiz Guimarães na sede da Emater. Mais que justa uma homenagem eterna a esse grande extensionista e disseminador do agro moderno.
(Wandell Seixas, jornalista voltado para a agropecuária, bacharel em Direito e Economia pela PUC-Goiás, ex-bolsista em cooperativismo agrícola pela Histadrut, em Tel Aviv, Israel, autor do livro O Agronegócio passa pelo Centro-Oeste, e editor de agronegócios do Diário da Manhã, que circula às segundas feiras)