A coisa mais difícil de se ver hoje na civilização ocidental é um jovem que não queira mudar o mundo, um jovem que procure por uma perspectiva de estabilidade social e política, que reconheça que nada sabe da forma como o mundo funciona e por isso não deve dizer o que deva mudar nele, jovem conservador, ou seja, o jovem de hoje nega o passado (as permanências) e se estrutura apenas nas rupturas como um início.
Como já expressado pelo Filósofo norte-americano Russel Kirk, o conservadorismo não tem uma fórmula ou manual de comportamento, “trata-se de um estado de mente, de um tipo de caráter, de uma maneira de olhar para o social civil”. Com essa ideia se levarmos em conta que o nosso modo de pensar é expressado pela construção da nossa língua e a educação que recebemos, será quase impossível surgir jovens conservadores em terras tupiniquins.
É compreensível não haver tal personalidade já que somos adestrados desde de crianças a ver o mundo entre melhor e o pior, o atrasado e o avançado, como se a história e a evolução moral, social e comportamental fossem uma linha reta, sem que o mundo “avançado” tenha possibilidades de retroceder. Essa perspectiva progressista de um futuro melhor e mais “certo” é a dominante, e não dá espaço para a entrada de novas perspectivas, principalmente no âmbito escolar.
Pergunte sobre política a qualquer adolescente, ele responderá as mudanças que devem ser feitas. Mas o problema não é o jovem querer mudar as coisas, é necessário querer para que algo realmente mude, o problema é que ele não sabe o que deve ser mantido, o que deve ser conservado. O jovem de hoje tem muito mais conhecimento político do que o jovem de ontem, e muitas vezes ele busca uma causa para lutar, um defeito para consertar, mas a maioria deles não tem condições racionais de entender que existem as permanências e essas são tão importantes quanto as mudanças.
Imagine você se não mantivéssemos muito das coisas que aprendemos e desenvolvemos na Idade Média europeia, como a Universidade. Pense como seria hoje se não mantivéssemos a religião como forma de transmissão da moral a população, ou os bons costumes indígenas que os mestiços preservaram na América. O conservadorismo agrega muito mais que o esquema macrossocial que citei, mas quero manter a questão simplificada a isso.
É da natureza do jovem querer tudo de forma rápida e imediata, e isso se reflete nas suas posições políticas, aliás política é paixão e paixão é subjetivo de cada um. O resultado disso é o jovem não entender que a forma como a sociedade está organizada é resultado de uma longa experiência social de tentavas e erros, e que não é uma mesquinha racionalidade privada de uma pessoa que sabe dizer como a sociedade deve se organizar.
(João Paulo Melo Silva, estudante)