Na campanha que o elegeu em 2015, Lúcio Flávio Siqueira de Paiva, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção de Goiás (OAB-GO), tinha como uma das maiores tônicas em seus discursos a dura crítica ao instituto da “reeleição”. Bradava de forma eloquente, quase espumando o canto da boca, que a alternância de poder deveria ser imperativa na OAB.
Repetia a todo momento, quase como um mantra, que a OAB-GO precisava seguir o modelo da OAB Nacional, onde não há prática da reeleição.
Lúcio Flávio utilizou-se dessa bandeira para adentrar nos escritórios dos advogados goianos. Isso mesmo, a crítica à reeleição essa o seu “carro abre alas”!
Pois bem. Lúcio Flávio venceu as eleições, e junto com ele o império da mentira.
Já no primeiro ano do seu mandato, criticar a reeleição passou a ser tema proibido dentro da gestão.
Ao longo do mandato, embriagado pelo poder, e insuflado pela vaidade, sua característica mais marcante, Lúcio Flávio passou a semear a intenção de se reeleger.
Ora, caros colegas, essa abrupta mudança de postura evidencia o quão elástico é o caráter do atual presidente, e como o seu discurso “ideológico” é conveniente.
De acordo com meus critérios pessoais de julgamento, isso já é motivo de sobra para deixar de apoiar um candidato.
Por certo que não confio em pessoas que moldam seus princípios e valores, adaptando-os para justificar sua manutenção no poder.
A direção de nossa classe não pode seguir a batuta de uma “bandeira pirata”!
O “timoneiro” da OAB-GO, termo que Lúcio Flavio tanto gosta de se autointitular, precisa ser firme em seus princípios éticos e morais, para conduzir a advocacia goiana por águas limpas e seguras.
Na campanha passada, muito se falou em abrir as janelas da Ordem, e deixar o Sol entrar. Porém, desde que assumiu a Presidência, Lúcio Flávio mantém a luz muito longe da nossa Ordem, tanto que a face da sua gestão é pálida, e deteriorou-se muito ao longo do mandato.
Lúcio Flávio se esqueceu daquilo que repetia como papagaio: “O Sol é o melhor detergente!”
Trevas a parte, o atual presidente, junto daqueles que também sofrem de amnésia seletiva, tentam a reeleição, no afã de manterem seus preciosos cargos.
Mas eu agradeço a Deus, e também a boa criação que recebi em casa, pois mesmo tendo participado de tantas reuniões nesse Conselho Seccional, não fui atingido por essa dependência química de poder. Construí minha vida profissional por méritos próprios, e não preciso de cargo nenhum como “muleta”!
Minha intenção, com esse mandato de conselheiro, foi servir a Ordem, e não servir-me dela. Foi entregar tempo de trabalho, dedicação e zelo, como forma de agradecer as oportunidades que a advocacia me proporcionou.
Encerro esse desabafo, mais uma vez me desculpando com a advocacia goiana, por ter pedido voto para Lúcio Flávio nas últimas eleições.
Hoje declaro apoio ao advogado Pedro Paulo de Medeiros, e confio que ele trará as mudanças que a OAB-GO tanto espera.
(Leandro Bastos, advogado e conselheiro seccional e ex-presidente da Comissão de Orçamentos e Contas da OAB-GO)