As circunstâncias econômicas assim o impuseram. De agora em diante as matérias e os artigos do Diário da Manhã passam a ser publicados exclusivamente on line, anunciou sua diretoria nesta 6ª feira, 26 de outubro de 2018.
Uma data para se guardar. Não pelo que tem de trágico para a história da imprensa no Brasil, mas pelo fato de ser o início de uma grande mudança a confirmar que do impossível de não se ter o jornal às mãos pode vir a alegria jubilante da vitória final, assim como o bem, do mal.
A fera trocou de pele de ontem para hoje. Por dentro, tudo de igual para melhor. Mas ela está mais viva que antes. Na selva diária sua luta pela sobrevivência continua ainda mais aguerrida. A fera que há em nós sabe que não pode se descuidar um segundo. Mudar de pele não é recuo, não é titubeio e nem medo.
Pouco sabe das coisas dos bastidores de um grande jornal aquele que o compra nas bancas por R$2,50 todas as manhãs; ou aquele assinante que o recebe entre o cafezinho e uma torrada com manteiga antes de começar o dia. A eles, levamos a certeza de que o futuro não vai nos abandonar. Nós escreveremos.
O destino, assim como o jornal, é feito de sorte e de virtude. Esta segunda é necessária para estarmos preparados para quando a primeira chegar. E se a sorte está lançada sob uma nova pele, na certa teremos a virtude de transformar as migalhas e fazer delas o destino em que todos participarão do banquete da solidariedade, do humanismo e do avanço espiritual pegados de mão em mão, com todas as forças em uma só direção; e com olho no olho, sem mais nada a esconder.
Visto de fora podemos constatar que não há novidade nesta nova roupagem vestida à fórceps pelo Diário da Manhã. Sua história, iniciada com o Cinco de Março, é de adversidades. Nunca o prato cheio surgiu à mesa. A fome, seja de sustentação ou de saber, foi sempre o destaque e ocupou os principais lugares e momentos.
Quanto a nós, o mesmo destino. Ser goiano é só imaginação. Graças a jornais assim como o DM, ser goiano é também poder de transformação. Porque não estamos prontos e vigentes. Apesar de um Bernardo Élis, de um comendador Joaquim Alves de Oliveira, de um Veiga Valle, de uma Damiana da Cunha, um José J. Veiga e dois Anhangueras. É muito pouco.
Ainda não somos o que queremos. Por isso somos um Estado solenemente ignorado pelos demais, mesmo se cercamos por todos os lados a capital da federação. Os que a comandam passam por cima, sem pedágio algum, sem sequer alguma deferência.
Em contrapartida, vamos nos alegrando cada vez mais vem chegando o futuro. Mudar de pele faz bem, pois a mirada é para o alto. Eu sou pequeno, disse Castro Alves, mas só fito os Andes. Saudade, segundo me escreveu Cora Coralina, é uma palavra que não deve ser falada, apenas vivida intimamente, pois ela aponta para o passado e o que queremos é o futuro.
A pele nova é sinal de luta diária e desgastante. A pele realmente nova não permite saudade. Como o balançar de uma rede não é um ir e vir, que ela está sempre indo.
Vamos ser os cidadãos e leitores que a Constituição descreve no seu artigo 3º: “esta gente que existe como República Federativa para construir uma sociedade livre, justa e solidária. Para erradicar a pobreza e a marginalização, promover o bem de todos”. Gregária, ciente e feliz.
Passada a eleição do nosso presidente, voltaremos a ser a sociedade do estamos juntos para o que der e vier. E desde já nosso jornal passa a ser on line. 24 horas por dia. Todos os dias do ano. Uma trincheira global de onde troa a liberdade.
É preciso desapego e coragem para assumir uma situação aparentemente desfavorável, mas só assim se pode matar no peito a adversidade. Registre-se. Das cinzas surgiram impérios. Dos escombros, palácios. Do recuo, conquistas. Dos fusos, fases. Do mundo digital passa a vir a antessala do futuro. E da contínua fé no humanismo, a liberdade que a tudo faz valer. Estamos todos juntos, Batista!
(Px Silveira, Instituto ArteCidadania, presidente. pxsilvei[email protected])