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OPINIÃO

Outubro, um mês em alta-tensão

Em­bo­ra agos­to se­ja apon­ta­do co­mo o mês fa­tí­di­co na cren­ça po­pu­lar, ou­tu­bro, que co­me­ça ago­ra, não é me­nos gra­ve pa­ra a vi­da na­ci­o­nal. Se em agos­to há o dia 13, ti­do co­mo o “do azar” e se apon­ta co­mo tra­gé­di­as o su­i­cí­dio do pre­si­den­te Ge­tú­lio Var­gas, a re­nún­cia de Jâ­nio Qua­dros e mais re­cen­te­men­te o aci­den­te que ma­tou o pre­si­den­ci­á­vel Eduar­do Cam­pos, ou­tu­bro é pon­ti­fi­ca­do por acon­te­ci­men­tos mar­can­tes na po­lí­ti­ca. A de­fla­gra­ção, no dia 3, da Re­vo­lu­ção de 1930, on­de o ga­ú­cho Ge­tú­lio to­mou o po­der até en­tão exer­ci­do pe­la Re­pú­bli­ca Ve­lha, on­de pre­do­mi­na­vam pau­lis­tas e mi­nei­ros; e, no dia 29 (de 1945), a de­po­si­ção do pró­prio Ge­tu­lio, en­tão di­ta­dor, com a vol­ta do pa­ís à de­mo­cra­cia ple­na, que du­ra­ria até 1964. As elei­ções, de 1930 até o co­me­ço dos anos 60, ocor­re­ram no dia 3 de ou­tu­bro. Os mi­li­ta­res de 64 as mu­da­ram pa­ra 15 de no­vem­bro, e a Sex­ta Re­pú­bli­ca, inau­gu­ra­da em 1985, as fi­xou pa­ra o pri­mei­ro do­min­go de ou­tu­bro.

Mais uma vez es­ta­mos vi­ven­do um ou­tu­bro de al­ta sen­si­bi­li­da­de. Co­mo de­cor­rên­cia do im­pe­achment da de Dil­ma Rous­seff, das apu­ra­ções da La­va Ja­to e con­gê­ne­res e da in­for­ma­ção à po­pu­la­ção so­bre atos de cor­rup­ção e ou­tras in­con­for­mi­da­des pra­ti­ca­dos no meio po­lí­ti­co, par­ti­dá­rio e ad­mi­nis­tra­ti­vo, o pa­ís vi­ve o aze­du­me do elei­tor em re­la­ção aos ocu­pan­tes de car­gos ele­ti­vos. Tal­vez es­se cli­ma te­nha fa­ci­li­ta­do a as­cen­são do de­pu­ta­do Ja­ir Bol­so­na­ro - sem par­ti­do gran­de, sem di­nhei­ro e im­pe­di­do de fa­zer cam­pa­nha em ra­zão da ten­ta­ti­va de ho­mi­cí­dio que so­freu – à con­di­ção de lí­der das pes­qui­sas. Por ou­tro la­do, o ex-pre­fei­to pau­lis­ta­no Fer­nan­do Had­dad faz o pa­pel de pre­pos­to do ex-pre­si­den­te Lu­la,ho­je en­car­ce­ra­do, na ten­ta­ti­va de so­bre­vi­vên­cia do Par­ti­do dos Tra­ba­lha­do­res, sem dú­vi­da o mais atin­gi­do na cri­se. O tu­ca­no Ge­ral­do Alckmin, de­pois de su­ces­si­vos man­da­tos co­mo go­ver­na­dor de São Pau­lo, com a mai­or ali­an­ça po­lí­ti­ca e o ho­rá­rio de rá­dio e te­le­vi­são mais ex­ten­so, não con­se­gue fa­zer sua cam­pa­nha de­co­lar e cor­re ris­co ca­da vez mai­or de de­ser­ção dos ali­a­dos. Ci­ro Go­mes e Ma­ri­na Sil­va ten­tam ar­re­ba­tar de Had­dad os vo­tos su­pos­ta­men­te trans­fe­ri­dos por Lu­la. E os ou­tros con­cor­ren­tes à Pre­si­dên­cia, com to­do res­pei­to, não exis­tem.

As re­des so­ci­ais tor­na­ram-se pal­cos da gran­de dis­pu­ta. Sem gran­des con­tro­les, ve­i­cu­lam ver­da­des, men­ti­ras e mis­ti­fi­ca­ções. O de­ses­pe­ro dos que não que­rem per­der o po­der ou su­as bo­qui­nhas e dos que que­rem ad­qui­rí-los, os le­va a pro­mo­ver ce­nas la­men­tá­veis tan­to de agres­são quan­to de vi­ti­mi­za­ção. Es­se cli­ma po­la­ri­za­do e ar­di­lo­so em na­da con­tri­bui pa­ra o ob­je­ti­vo da elei­ção, que é a es­co­lha do pre­fe­ri­do pe­la po­pu­la­ção. To­da es­tu­pi­dez, tor­pe­za e de­so­nes­ti­da­de apli­ca­das à cam­pa­nha au­men­tam a res­pon­sa­bi­li­da­de do elei­tor pa­ra com o fu­tu­ro do pa­ís. O acon­se­lhá­vel é que, no do­min­go, ca­da um com­pa­re­ça à sua se­ção elei­to­ral de­fi­ni­do em quem vo­tar e que, pa­ra a de­ci­são, ig­no­re os exa­ge­ros e o ne­fas­to fes­ti­val de in­ci­vi­li­da­de e mau gos­to que os ra­di­ca­li­za­dos nos ofe­re­cem. Já que can­di­da­tos, par­ti­dos e apoi­a­do­res par­tem pa­ra a bai­xa­ria, ca­be ao po­vo, que é sá­bio, de­mons­trar que não é ma­ni­pu­la­do. E que ven­ça o pre­fe­ri­do pe­lo elei­tor!

(Te­nen­te Dir­ceu Car­do­so Gon­çal­ves, di­ri­gen­te da Aspomil (As­so­cia­ção de As­sist. So­ci­al dos Po­li­ci­ais Mi­li­ta­res de São Pau­lo)  as­po­milpm@ter­ra.com.br)

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