O mau comportamento infantil é, por natureza, originado por sua imaturidade de lidar com situações que não consegue solucionar ou sobre a qual não consegue se expressar de forma socialmente adequada e, por isso, é importante o empenho dos pais e familiares na educação. Em caso de indisciplina e agressividade recorrente, é necessário investigar. Visto que o meio em que vive tem influência sobre a criança, caso o ambiente seja hostil, conturbado e/ou agressivo a maldade da criança, nesse contexto, pode ser apenas uma consequência.
Quando o comportamento caracterizado por agressividade ocorre com uma frequência perturbadora – em locais inespecíficos e sem motivo aparente, somados com comportamento de frieza, falta de sensibilidade e falta de empatia (compreender o que causa no outro/se colocar neste lugar), entre outros – e caso perceba que o diálogo não é compreendido pela criança – devido à concepção egocentrada dela –, é fundamental observá-la com mais atenção.
A criança que apresenta falta de sensibilidade e empatia com os pais e com outras pessoas e animais, como cita Leher, não possui a “habilidade de entender ou partilhar os sentimentos do outro”. Se a afetividade pelos pais é demonstrada somente quando há alguma satisfação do interesse da criança, sendo usada como moeda de troca, para oferecer sua afeição e se existem sinais de que gosta de assistir ou causar sofrimento de animais ou outras pessoas pode ser indício do Transtorno de Conduta, que após a maior idade é denominado Transtorno Antissocial (psicopatia).
Ao final da infância, pode apresentar maiores indícios, caracterizados por mentiras excessivas, manipulação, trapaça, bem como atitudes que prejudicam outras pessoas para conseguir seus objetivos. Essas crianças são inteligentes e egoístas, podem fingir sentimentos, apesar de não os sentir de fato, gostam de incendiar coisas, torturam e/ou matam pequenos animais, provocam brigas, ferimentos, demonstram grande dificuldade de seguir as regras e não sentem culpa ou remorso por suas atrocidades. A punição para esses casos é, em geral, ineficiente, pois a medida mais adequada é o acompanhamento de um profissional psicólogo e psiquiatra.
No decorrer da adolescência, é comum praticar muitos delitos, como vandalismo, incêndios e tortura com animais. Tais comportamentos tendem a evoluir na fase adulta para estupros, homicídios e, em alguns casos, o sujeito pode se tornar um serial killer e apresentar canibalismo e/ou necrofilia.
A presença deste indivíduo de personalidade antissocial é ameaçadora para a sociedade e até mesmo para a família, pois ele é incapaz de se sensibilizar com a dor de qualquer outro indivíduo. Essa incapacidade tem origem biológica, apesar de que, em muitos casos, o ambiente pode ser um fator agregado. Estudos revelam que o cérebro de psicopatas apresenta alterações anatômicas, sendo observadas na parte chamada amígdala, o que justifica a falta de empatia e culpa.
Ainda que esses elementos sejam identificados na infância, não há garantia de recuperação para que esse sujeito consiga viver em sociedade de forma harmoniosa, mas o acompanhamento profissional tem a função de minimizar seus danos sociais.
(Autora: Taynara Edith, psicóloga clínica, social e palestrante. Coautor: Eduardo Batista, psicólogo clínico, social e palestrante.