No último dia 9 de junho de 2021, o presidente argentino Alberto Fernández fez uma menção de que “os mexicanos vieram dos indígenas, os brasileiros da selva, e nós [argentinos], chegamos em barcos, eram barcos que vinham da Europa”. Sem dúvidas, esta é uma citação preconceituosa e deselegante por parte de um presidente, ainda mais em se tratando de um país de muita importância para o continente americano.
No início da colonização da América do Sul, em conformidade com William M. Denevan, havia aproximadamente 57,3 milhões de indígenas. Posto isso, é evidente que os indígenas são de fato cidadãos sul-americanos natos, ou seja, a sua origem é certa e são parte da história ante mesmo da chegada dos primeiros europeus.
A população indígena no Brasil e nos demais países da América do Sul foram e são as maiores vítimas de genocídio estrutural, seja por doenças infecciosas, seja por desapropriação, invasão e a diminuição da demarcação de terras indígenas de forma ilegal, arbitrária e sangrenta.
Consoante o censo nacional argentino realizado em 2010, a população indígena da Argentina era de 955.000 pessoas, 2, 38% do total de habitantes do país, com presença destacada no norte e no sul da Argentina. No Brasil, de acordo com a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), vivem mais de 800 mil indígenas que representam cerca de 0,4% da população brasileira, segundo o censo nacional.
Sendo assim, é axiomático a falta de compreensão cultural, étnica e histórica por parte do presidente argentino. Fica claro que a fala de Fernández foi imprudente, negligente e inconveniente, mostrando a dura realidade do povo indígena na América do Sul onde são menosprezados e deixados de lado pelo Poder Público.
Portanto, é notório que cabe estabelecer medidas públicas para o enriquecimento escolar e acadêmico a fim de assegurar uma maior compreensão acerca da importância indígena no Brasil. Desse modo, é necessária uma atuação conjunta dos Poderes da República junto aos Estados e aos Municípios para instituírem meios que visem combater o racismo étnico-racial que acomete a população indígena.