Carlos Alberto de Oliveira Andrade, empresário natural da Paraíba falecido recentemente, progrediu graças ao seu trabalho e à capacidade empreendedora. Dono de rara inteligência, é merecedor de homenagens, em especial de Goiás, pois legou a Anápolis a sua CAOA-CHERY, uma grande montadora de veículos. Tinha habilidades, enquanto homem de vendas, que o presidente Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, para ficar nesses dois exemplos, não têm.
A Petrobras vive um momento de euforia, em matéria de lucros. Grande produtora de petróleo, extraindo bilhões de barris a cada dia, tem agora os preços desse produto corrigidos pelo dólar, que experimenta forte alta. Além disso, o próprio petróleo está em alta. Então, nem há motivo para admiração ou surpresa no fato de haver lucrado mais de 30 bilhões de reais nos últimos três meses. Parabéns aos acionistas, bem como aos produtores de etanol.
Quem se contorce são os consumidores. Não há mesmo explicações que os convençam de que tudo está bem. Até porque em países vizinhos, como a Argentina, que também vive a sua crise, a gasolina é vendida por menos da metade que no Brasil. Sem falar na Venezuela, grande produtora, onde a gasolina está quase de graça. Pergunto: o que nos impede de permutar comida por gasolina com esse nosso vizinho de mais de 3.000 quilômetros de fronteira? Por que preferimos ignorar um negócio tão atraente e ficamos, logo nós, com milhões de pessoas passando fome, recebendo e alimentando os famintos de lá?
O ministro Guedes, inteligente e muito preparado (é doutor em Economia pela universidade de Chicago), ainda assim carrega deficiências, ouso afirmar. Uma delas vem do berço, ou está no seu DNA: falta-lhe sensibilidade social. Descobri isso logo no início do atual governo, quando ele fez um desabafo contra algo que considera inconcebível: Guedes, estupefato, disse que “até domésticas” brasileiras já iam passear em Miami. Onde já se viu?
Ora, ministro, por que operários europeus abarrotam, durante suas férias, os hotéis de luxo do nosso litoral e uma doméstica brasileira não pode ou não deve adquirir a prestações um pacote promocional para a Flórida?
Outra deficiência do ministro é enquanto vendedor. “A Petrobrás vai valer zero daqui a 30 anos”, disse, ao pregar mais uma vez a privatização da empresa (O Globo, 26/10/2021).
Bolsonaro, autoproclamado discípulo do ministro Guedes em assuntos de economia, parece segui-lo também nas estratégias de vendas. Ao anunciar mais uma vez, há poucos dias, a intenção privatista, acrescentou: “A Petrobras é só problemas”. Imagina se a empresa estivesse dando prejuízo!?
Que tal mostrar para essas autoridades um anúncio da CAOA publicado com destaque na capa da Folha de S. Paulo, ofertando os carros que produz em Anápolis?:
“A melhor compra, até na hora de vender”.