O amor é um sentimento a um só tempo de tanta nobreza e tão vulgar que se torna fácil defini-lo. Ele se acha presente, repetido e declarado em todas as culturas, em todas as artes, na teologia, na Filosofia, nas religiões e doutrinas. Não importa, onde se encontra as interações humanas, sociais ou mesmo corporativas, profissionais e societárias. Lá vai emergir o amor como um tempero e ingrediente dos pactos celebrados. Se justo e verdadeiro, se falso ou interesseiro, não importa, mas o amor entra como tempero, como uma amálgama em todas as relações das pessoas.
Muitas podem ser as classes de amor. Vários têm sido os estudiosos com propostas de classificar o amor. Para melhor compreensão de matéria, basta que se discorra sobre 3 tipos distintos dos sentimentos na aproximação ou relação das pessoas. A amizade, o amor e a paixão.
Sobre esse trio de sentimentos muitas são as gradações, as graduações e natureza. Algumas tintas ou noções sobre cada um deles nos fará melhor compreendê-los.
Todos os estudos humanos – Sociologia, Psicologia, Doutrinas e Filosofias – entendem que na verdade a amizade, o amor e a paixão são gradações (variações, transições) do mesmo sentimento. Noutros termos, esses sentimentos são como escalas, réguas, termômetros a medir e marcar a qualidade dessas ligações, dessas alianças e contatos entre as pessoas. Sejam esses vínculos à distância ou presenciais, físicos e corpóreos (como nas relações a dois, afetivas, conjugais).
São três sentimentos ligantes nos contatos e relações pessoais que na certa e logisticamente eles se fundem e se confundem. Eles são intercambiáveis, interdependentes e nunca excludentes. Basta considerar: quantas amizades não evoluem para o amor e paixão. Quantas paixões, passado o furor do amor não sofre descenso e vira uma boa amizade. É assim a vida, é assim a natureza psíquica, sentimentos e afetiva das pessoas.
Algumas considerações e distinções sobre esses parentais sentimentos. A amizade poderia receber algumas tipificações, densitometria e graus relativos a por exemplo: neutralidade, interesse e mercancia. Alguns exemplos: há algumas amizades que se estabelecem no estrito conceito mercantil, profissional e corporativo. Elas podem se dar entre pessoas físicas, jurídicas, com interações positivas no estrito sentido de intercâmbio comercial, financeiro, com mútuos benefícios.
Em se falando de paixão. Pode-se considerar a paixão como um desvario, um desatino do afeto entre duas pessoas. A intensidade do apego e sentimento de atração pelo outro é tamanha e falto de sensatez que o pico do amor não se sustenta. E tudo pode resultar em fogo passageiro, em um mero fogo-fátuo e pronto, acaba na convivência.
E sem dilação probatória e científica temos algumas noções e compreensão das formas de amor.
Amor interesseiro. Quantos não são as alianças, os namoros, os casamentos, os conúbios, conjunções cíveis, religiosas e sociais que os celebrantes, os noivos, os nubentes, os casais não fazem pelo estrito e dissimulado amor interesseiro. “Ah, vá lá. Aquele sujeito, jovem e charmoso da etnia tal”. Assim pensa a jovem mulher com sua flecha interesseira. Como bom partido. Amor, que amor!
Existe ainda o chamado amor moral, ético ou por fraternidade e generosidade. Quantos não são os pais que amam certos filhos, independentemente de seu mau-caratismo e estroinice. Este é o amor genético e generoso. Seria um mero “amor” devedor, moral e pronto.
Quantos não sãos os filhos e filhas nesse rol do amor moral e generoso. Muitos são os filhos e filhas que não conseguem, é muito azar, não conseguem dissimular a absoluta frieza e insensibilidade a um pai, a certa mãe, já idosos e debilitados. Notadamente quando esse pai se revela um mala-sem-alça de imoralidade, com ausência educativa e não protetor familiar, afeito a muitos maus-costumes. Muitos são certos filhos e filhas que até devotam, expressam e laboram gestos e atos de cuidados a certos pais. Mas, o fazem estritamente, por uma coerção de escrúpulos, por uma obrigação genética e social familiar. É o amor moral e devedor.