Opinião

A constitucionalidade do sacrifício de animais em ritos religiosos

Diário da Manhã

Publicado em 15 de agosto de 2018 às 21:40 | Atualizado há 7 anos

Re­cen­te­men­te o STF deu iní­cio, ao jul­ga­men­to de re­cur­so RE 494.601, que dis­cu­te a cons­ti­tu­ci­o­na­li­da­de de lei es­ta­du­al 12.131/04, do Rio Gran­de do Sul, que au­to­ri­za o sa­cri­fí­cio de ani­mais em cul­tos de re­li­gi­ões de ma­triz afri­ca­na.

A dis­cus­são se deu, após o re­cur­so foi in­ter­pos­to pe­lo MP/RS con­tra de­ci­são do TJ/RS, que de­cla­rou a cons­ti­tu­ci­o­na­li­da­de da re­fe­ri­da lei, sob a ale­ga­ção da não prá­ti­ca ou abu­sos. A dis­cus­são, traz à bai­la a li­ber­da­de de cul­to e as prá­ti­cas re­li­gi­o­sas/cul­tu­ra­is.

Se­gun­do cons­ta no re­la­tó­rio, a lei in­va­de a com­pe­tên­cia da Uni­ão pa­ra le­gis­lar so­bre ma­té­ria pe­nal e pri­vi­le­gia os cul­tos re­li­gi­o­sos pa­ra o sa­cri­fí­cio ri­tu­al de ani­mais, ofen­den­do a igual­da­de e a lai­ci­da­de do pa­ís.

Nos mol­des do art. 5º, CF, é as­se­gu­ra­do o li­vre exer­cí­cio dos cul­tos re­li­gi­o­sos, e ga­ran­ti­da, na for­ma da lei, a pro­te­ção aos lo­ca­is de cul­to e su­as li­tur­gi­as, sem tra­ta­men­to pri­vi­le­gi­a­do a ne­nhu­ma re­li­gi­ão.

O Es­ta­do De­mo­crá­ti­co de Di­rei­to, tra­duz a li­ber­da­de in­di­vi­dual de ca­da in­di­ví­duo e ao mes­mo tem­po, fa­lan­do pre­ci­sa­men­te den­tro do con­tex­to re­li­gi­o­so, a prá­ti­ca de li­tur­gi­as não po­de afron­tar va­lo­res e re­gras so­ci­ais já im­pos­tas pe­la so­ci­e­da­de.

Im­por­tan­te res­sal­tar que, o cul­to de­ve ser exer­ci­do em har­mo­nia com os de­mais di­rei­tos fun­da­men­tais, evi­tan­do-se a co­li­são com ou­tro di­rei­to fun­da­men­tal, já que não é per­mi­ti­do ao Es­ta­do so­bre­por a li­ber­da­de de cul­to a ou­tros va­lo­res tam­bém pro­te­gi­dos pe­lo Sis­te­ma Cons­ti­tu­ci­o­nal, co­mo a pro­te­ção à vi­da, à dig­ni­da­de da pes­soa hu­ma­na e o meio am­bi­en­te eco­lo­gi­ca­men­te equi­li­bra­do.

Que ve­nha o po­si­cio­na­men­to da Su­pre­ma Cor­te em re­la­ção ao te­ma, há dois vo­tos pe­la cons­ti­tu­ci­o­na­li­da­de, po­rém, a dis­cus­são foi sus­pen­sa por pe­di­do de vis­ta do Mi­nis­tro Ale­xan­dre de Mo­ra­es.

Ma­té­ria de in­te­res­san­te dis­cus­são acer­ca da cons­ti­tu­ci­o­na­li­da­de e in­cons­ti­tu­ci­o­na­li­da­de do te­ma, que ser­ve de pa­râ­me­tro pa­ra uma gran­de ju­ris­pru­dên­cia e no­vas ten­dên­cias ju­rí­di­cas.

 

(Lo­re­na Ayres, ad­vo­ga­da, es­pe­cia­lis­ta em di­rei­to pú­bli­co e cri­mi­nal pre­si­den­te da Cco­mis­são de Di­rei­tos Hu­ma­nos da Abra­crim-GO, vi­ce-pre­si­den­te da Co­mis­são de Di­rei­to Cri­mi­nal e Po­lí­ti­cas Pú­bli­cas OAB/GO sub­se­ção Apa­re­ci­da de Go­i­â­nia, pro­fes­so­ra uni­ver­si­tá­ria, ar­ti­cu­lis­ta e co­men­da­do­ra)

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