Opinião

A crise do petróleo

Diário da Manhã

Publicado em 21 de janeiro de 2016 às 22:20 | Atualizado há 9 anos

Na semana próxima passada o preço internacional do petróleo caiu ao seu mais baixo índice nos últimos 20 anos: 28 dólares o barril. As consequências vêm sendo avassaladoras. Até nos Estados Unidos dezenas de produtores já se acham em quebradeira total. A Venezuela, cuja caótica situação foi retratada e analisada no artigo de anteontem, tem como uma das principais causas desse caos – de par, obviamente, com a incompetência do governo presidido por Nicolás Maduro – o baixíssimo preço desse que é o principal esteio da sua economia. No Brasil, ao lado dos terríveis prejuízos causados por bandidos ao longo de muitos anos indicados pelos partidos políticos para os seus cargos diretivos, a Petrobrás vive dias cruciais, com reflexos, naturalmente, no todo da economia nacional. A própria Arábia Saudita, maior produtora do mundo do ouro negro, está a viver um quadro recessivo que enche de preocupações não somente os magnatas como logicamente os responsáveis pelos destinos econômicos e políticos nacionais. Com a recente decisão das principais nações de suspender as sanções econômicas que estavam a asfixiar o Irã, este brevemente reentrará no mercado mundial com a oferta da sua produção petrolífera, que é a 3° do mundo. O fato constituí perspectiva de ainda maior desvalorização do petróleo, o que universaliza o aumento das preocupações. A Rússia, outro grande país cuja economia depende fundamentalmente do comércio petrolífero e por isso mesmo já há quase 2 anos sofre as consequências da desvalorização, vive um quadro pode-se dizer dramático, já que a política por ela adotada em relação à Ucrânia lhe acarretou sanções econômicas dos Estados Unidos e seus países incondicionalmente aliados.

O petróleo, como se vê, outrora fator de grandes bonanças para todo o mundo, transformou-se, não se sabe até quando, em algoz implacável a avassalar economicamente grandes e pequenas nações.

Na última semana o leilão da Bolsa de Valores da China durou apenas 12 segundos. Porque a queda do valor de inúmeras ações assustou tanto que os seus responsáveis, apavorados, decidiram pelo rapidíssimo encerramento. No mesmo dia as bolsas norte-americanas, do Brasil e de vários outros países sofreram queda violenta, o que demonstra a inter-relação das economias nacionais. E que, mais ainda, demonstra sintomas de crise da badaladíssima economia chinesa. Vangloriavam-se os economistas da pátria de Mao Tsé-Tung de um produto bruto há bastante tempo superior a 8%. No dia daquela assustadora queda da Bolsa chinesa o produto bruto já estava com índice inferior a 6%. A segunda maior economia do mundo parece dar sinais sombrios, o que pode ser o fato mais alarmante das atuais crises econômicas que assolam a maior parte do mundo. Registre-se, ainda a propósito da China, que a sua imensa população rural tem em média salários mensais de apenas 70 dólares – o que equivale a mais ou menos 300 reais.

Importantes economistas assinalam que a União Europeia, liderada pela Alemanha, foi tremendamente infeliz em desamparar a Grécia, cuja situação continua de crise muito grave. Na semana próxima passada o grande economista Joseph Stiglitz esteve no Brasil e criticou acerbamente esse comportamento da União Europeia. O prêmio Nobel de Economia de 2001 fez críticas também às consequências do comportamento norte-americano com relação à crise provocada pela queda de um grande banco dos Estados Unidos em 2008, com as consequências que o mundo inteiro conhece, por havê-la sofrido, da recessão estadunidense verificada de 2008 a 2013. Naquela época o presidente Luís Inácio Lula da Silva afirmou que aquela crise norte-americana – que chegou a ser comparada a um tsunami – era para os americanos uma marola mas que para o Brasil seria uma marolinha. A fim de ser uma marolinha para o Brasil foi preciso que o governo brasileiro isentasse de impostos sobretudo as indústrias automobilística e da construção civil e os resultados dessas isenções representaram enormíssimas perdas de recursos pelo erário nacional, fato que, naturalmente, repercutiu e ainda repercute na economia brasileira.

Egito e Síria também vivem situação crítica, política e economicamente. E o chamado “Estado Islâmico” no mundo árabe é um dos fatos mais deploráveis da história universal.

Israelenses e palestinos continuam a manter conflitos catastróficos.

O Iraque se constituí cada vez mais em cenário de terríveis conflitos internos e de fatores de calamitosas violências externas.

A destruição e a autodestruição na maior parte do mundo são, infelizmente, temas a exigir enfoque e análise praticamente cotidianos.

 

(Eurico Barbosa, escritor, membro da AGL e da Associação Nacional de Escritores,  advogado, jornalista, escreve neste jornal às quartas e sextas-feiras – E-mail: [email protected])

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