A revolta do Brasil e de Atlas
Redação
Publicado em 16 de abril de 2015 às 01:46 | Atualizado há 10 anosO titã Atlas, da mitologia grega, é condenado a carregar o mundo inteiro nas costas, esse é o mote do livro “ A Revolta de Atlas” da autora Ayn Rand, lançado em 1957.
No livro citado, a autora analisa as consequências desastrosas de um governo que busca a todo custo tirar dos competentes e empreendedores o máximo que puder para transferir favores para o chamado “bem público”, para os desfavorecidos, para os necessitados, não se importando esse governo em saber se a origem da necessidade é a preguiça, a indolência ou a esperteza mesmo.
Inacreditavelmente, ao se ler essa obra prima, consagrada mundialmente, apesar de escrita há mais de 50 anos, é possível reconhecer o Brasil dos últimos 30 anos, mais especialmente o Brasil dos últimos 12 anos, onde se busca a todo momento conceder direitos e mais direitos a quem não contribui e ao mesmo tempo, extorquir e diminuir a classe verdadeiramente laborativa.
Há passagens que descrevem incentivos para quem não trabalha, ajudas de custo por família que possuem maior número de crianças, facilidades para quem é desta ou daquela raça, desvalorização dos méritos pessoais preferindo as indicações políticas, em contrapartida há instituição de leis trabalhistas mais e mais severas para com os empregadores, tributação mais e mais acentuada e obviamente, enquanto a classe política enriquece de forma monstruosa, todos os demais entram em falência financeira, inclusive aqueles que seriam ajudados pela falácia do bem comum, principalmente aqueles que realmente necessitavam – há no livro uma tentativa desesperada e insistente do governo em culpar os ricos pela miséria do povo, culpar o “eles” contra “nós”.
A essa altura da narração, fica claro os pontos coincidentes entre lá e cá, a pergunta é: até quando? Na ficção a situação somente se revolve após a total derrocada da economia e da estrutura social, será que no Brasil acontecerá o mesmo?
Há alguma esperança no momento, dadas as manifestações reais da população (não aquelas contratadas ou partidárias), dadas as articulações políticas que estão ocorrendo no congresso, entretanto, não sabemos que isso será o suficiente, visto que grande parte da nação ainda não percebeu o equívoco do caminho escolhido, geralmente associando “inclusão social” com caridade, sendo que o papel do Estado não é fazer caridade, principalmente com dinheiro que não é dele, não é e nunca foi.
A caridade é opção individual, de consciência, de evolução, não adianta extinguir a economia para que todos tenham umas moedas no bolso pois no final, todas essas moedas juntas não valem nada – É preciso que as pessoas sintam que são as únicas responsáveis por sua condição e que, independente das ferramentas que possuam, receber esmolas não ajudará em nada.
Um dia desses, Atlas resolve sacudir os ombros e todos serão prejudicados, exceto, claro, aqueles que já fugiram com nosso dinheiro, apesar de continuarem posando como salvadores de onde estiverem.
(Olisomar Pereira Pires , auditor fiscal, autor do livro “Cortes e Lâminas”)