Capitão ou capetão? Porcos comendo porcos?
Diário da Manhã
Publicado em 10 de outubro de 2018 às 00:31 | Atualizado há 7 anos
Os amigos dizem que eu implico, e demais, com as redes sociais, com a Face, que eu estou ficando ultrapassado, radical, que eu deveria comprar um “celular de verdade”, um aparelho que acesse a Internet, entretanto, pergunto: no meio de tanta comunicação, informação, gente inclinada e colada, dia e noite, nas telinhas, surgiria alguém, por favor, por obséquio, para me informar quais são as principais propostas de governo dos candidatos à presidência, o “Sr. JB” e do “Sr. FH”? Aliás, afora os cariocas e o pessoal lá da Capital Federal, quem conhecia o alcunhado de “paladino da justiça”, aqui no centro-oeste, no norte e nordeste – acho que até no sul – bem, afinal, quem conhecia o capitão – alguns preferem “capetão” – antes desta eleição? Não, não e não! Não tenho, absolutamente nada, contra ele, que fique bem registrado hein? Nem o conheço, já tenho muitos problemas, estou sem trabalhar, sem poder ler, assistir filmes nem noticiários, as coisas que mais gostava de fazer, por conta de uma cirurgia na vista, que aguardo, faz mais de ano, pelo tal de “SUS – Sistema Único de Saúde” – e olha que eu propiciei saúde para milhares de pessoas em vários Estados durante 40 anos eliminando insetos, roedores, vírus, além disto, e, talvez, pior, muito pior, estou muito longe da minha caçulinha, a Sophia Penellopy, 10, que está na Espanha e com quem eu convivia, praticamente, 20 horas por dia – outra coisinha eu já tenho muito com o que me preocupar – e as vezes até gargalhar – assistindo as disputas, ouvindo os debates dos políticos goianos e ribeirão-pretanos e, misericordioso leitor, não é verdade que é muita, muita gente? A nossas casas de leis são maiores do que as da China, proporcionalmente. São 513 deputados, 81 senadores, milhares de prefeitos e vereadores, suplentes, assessores de gabinete, carros luxuosos, blindados, seguranças, secretarias lindíssimas, motoristas impecáveis – tem gente que tem dois – ajuda moradia, ajuda paletó, muita gente afanando, roubando, surrupiando, dilapidando, mamando, larapiando, que horror, misericórdia e as crianças passando fome e os velhinhos dormindo nas calçadas, tem gente que não acredita nisto em outros países, Deus nos acuda! – e, lógico, sou covarde, não quero dar e, nem muito menos levar facadas, pois, sou só o que todos sabem que sou, um mísero e insignificante “eliminador de pragas” e escrevinhador – pois, escritor “é” Machado de Assis, Fernando Sabino, Fernando Pessoa, Albert Einstein. Hermann Hesse – então, continuando, volto rogando perdão pelas brincadeiras, afinal, o assunto é sério, aliás, vou deixar para finalizar no próximo parágrafo, pois, parágrafos extensos afugentam eventuais leitores. Ei-lo:
As redes sociais são robóticas, estamos entre “meias verdades” e “meias mentiras”, numa sociedade doentia, como se, apesar de todo o avanço tecnológico – o “5G” chega em 2019 – estivéssemos, ainda, na Idade Média, somos bárbaros, quase todos nós, adultos adulterados, sabemos disso, não conseguimos avançar no sentido, como direi? Sentimental, espiritual, ético, moral e, lembrei-me, agorinha do sociólogo, psicanalista e magnífico escritor Erich Fromm. Ele já advertia, na década de 70 e 80, sobre as nossas atuais condições. Fiquei impressionadíssimo com o livro “Psicanálise da Sociedade Contemporânea”. O título sintetiza o complexo propósito de explicar uma sociedade materialista, consumista, insatisfeita, viciada, drogada, dogmatizada, decadente, doente, mas, enfim, voltando, tentando fazer jus ao título, se a nossa sociedade eleger o “Capitão” à presidência e, portanto, concomitantemente, “promove-lo” a “Comandante Chefe das Forças Armadas” não será, somente, devido aos “votos de protesto” contra aquele ex-presidente que está “encarcerado”, ou, o antipetismo, que alguns chamam de amadurecimento político brasileiro, não, nada disso, não podemos subestimar o militar, nem a ele nem à sua família, pois, desde 2010 realizam um trabalho elaborado visando à conquista do trono máximo, lógico, através das redes sociais e, além disso, o tal de Bispo – talvez, talvez, repito, talvez enviado pelo diabo com a permissão de Deus – veio para ajuda-lo na campanha, alavanca-lo, não é mesmo misericordioso?
Finalizando. Ontem um amigo me mostrou, na sua página do Face, uma mensagem que “dizia mais ou menos” assim: Se você alimentar uma dúzia de porcos com lavagem, ou seja, restos da sua mesa, eles sempre virão correndo e alegres quando você bater no balde, no latão de lavagem. Virão comer na sua mão sem se importarem com os seus familiares, seus irmãos, pais, filhos ou, tios, mortos, retalhados, assados e comidos por você, seus familiares e amigos no alegre churrasco oferecido durante o dia, aliás, eu disse ao amigo que eles, os porcos, até participarão do tal churrasco, alegres também, ainda mais se você misturar, na lavagem, as vísceras, intestinos, enfim, os restos mortais dos seus “familiares”, mas, os políticos se esqueceram, eu acho que por viverem longe da realidade dos porcos, que nós não agimos igual a eles e nem igual aos porcos, por muito tempo, para sempre, como dizem por aí, “uma hora a casa cai”. Finalizo parabenizando os meus irmãos eleitores pelas “mudanças” realizadas e sucesso para os dois concorrentes que devem pensar que foi, graças a Deus, que saíram do anonimato para fazerem parte da história do Brasil. Até.
(Henrique Gonçalves Dias, jornalista)