Opinião

Cidades gêmeas merecem atenção

Diário da Manhã

Publicado em 31 de maio de 2016 às 03:05 | Atualizado há 4 meses

Aragarças e Barra do Garças, cidades fronteiriças entre Goiás e Mato Grosso, são acolhedoras e onde o progresso pulsa nas veias. São banhadas por rios importantes, como Araguaia e Garças, que depois de superarem correntezas e inúmeros travessões e cachoeiras se encontram com o Tocantins e deságuam no oceano Atlântico. Ambos são piscosos e detém praias cristalinas que atraem turistas e pescadores de diferentes regiões brasileiras e até do exterior.

O Araguaia já foi inclusive fortemente cogitado para se transformar numa via navegável e por ela circular riquezas regionais. Sem dúvida, as carnes e os grãos, como soja, de parte do Centro-Oeste. Eu mesmo já defendi essa tese. Mas fui convencido, como os demais, a mudar de ideia. Afinal, trata-se de um rio geologicamente novo e ainda em formação. Raso e, portanto, praiano por excelência.

A auferição de lucros à população ribeirinha deve vir da prática do turismo. E ele quem vai provocar a circulação do dinheiro. Rede de hotéis, bares, restaurantes, barqueiros, artesanato, eventos locais, regionais e nacionais. O cultivo dos grãos nem a pecuária estão excluídos. Apenas, o transporte não dá pelo rio Araguaia, mas pode ocorrer pelo Rio Xingu e meio ferroviário integrados. Esses, sem dúvida, provocarão redução de custos e consequente queda do risco Brasil.

Pelas suas praias, a cidade de Aragarças vai tornando-se cada vez mais atraente. O fuzuê ocorre mais na orla praiana. Os moradores têm reclamado, contudo, do excesso de barulho, que atinge até os habitantes de Barra do Garças. No último final de semana, por exemplo, havia um evento de motos. Apareceram dezenas de motoqueiros ou motociclistas de várias regiões brasileiras. No bar e restaurante flutuante, sempre uma atração à parte, os músicos e cantores interromperam seu trabalho por causa do barulho ensurdecedor.

Wandell Seixas 1

Wandell Seixas 2

E a coisa varou três dias seguidos e o ronco (pode ronco nisso) sucedeu durante o dia e a noite. Parece que o vencedor seria a moto que fizesse mais barulho. Esse foi o lado reclamado pela população das duas cidades gêmeas. O lado bom, contudo, veio da parte da rede hoteleira totalmente ocupada. Eles gastaram com comida à vontade, bebida. Enfim, fizeram o dinheiro circular. Talvez por isso, não tenham sido molestados pela polícia. Tudo gente boa, ressalte-se. O eventual abuso, sem dúvida, decorre da adrenalina desses pseudo aventureiros.

Barra do Garças, para quem não sabe, detém um pólo universitário de alto padrão de qualidade. E os estudantes, também, irrigam financeiramente a cidade com os aluguéis de casas, pequenos apartamentos e consumo no mercado local. Muitos são filhos de pecuaristas ou produtores de soja e milho que vão assegurar o futuro das propriedades rurais com os ensinamentos em veterinária e agronomia ou direito.

A formação universitária proporciona tranquilidade aos pais, preocupados com o destino das fazendas à hora que não puderem mais gerenciá-las. Os futuros herdeiros ocuparão o espaço do agronegócio num mundo cada vez mais globalizado. E que para vencer os novos produtores precisarão de novos conhecimentos tecnológicos, de sanidade animal, gerenciamento, de mercado nacional e internacional. O pioneirismo ficou com seus avós e pais. E nesse aspecto que as universidades despertaram para o interior rural. E onde Barra do Garças constitui exemplo.

A GO-070, entre os municípios de Goiás e Itapirapuã, encontra-se cheia de buracos que representam riscos para quem trafega por essa rodovia que dá acesso a várias cidades do vale do Araguaia. Na quinta-feira, por exemplo, havia um caminhão tombado. O motorista saiu com vida, contudo, perdeu uma orelha. O acidente aconteceu na madrugada e teve como causa os buracos. Por ela circulam centenas de caminhões conduzindo insumos básicos destinados às propriedades rurais, grãos, animais e mercadorias diversas.

OBS: Limitei-se mais a Aragarças e Barra do Garças porque compareci a ambas a passeio familiar.

 

(Wandell Seixas, jornalista voltado para o agro, bacharel em Direito e Economia pela PUC-Goiás, ex-bolsista em cooperativismo agropecuário pela Histradut, em Tel Aviv, Israel, e autor do livro O Agronegócio passa pelo Centro-Oeste)

Tags

Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia

últimas
notícias