Lula acordou! Quem mais acordou?

Que Sérgio Moro, o juiz “Lava Jato”, é o maior mico da história do nosso Judiciário já não há a menor dúvida! O que este indivíduo tem feito em nome de certa “moral”, de certa “conduta social” é de um disparate sem precedentes. Mesmo o muito corporativo poder judiciário brasileiro já segue estilhaçado com tanto “puxa-puxa” de opiniões e atitudes.
Os magistrados estão completamente divididos quanto ao que fora feito; mesmo o excelso Supremo Tribunal Federal se acha em transe, tamanho o absurdo da ação perpetrada pelo “globo boy”, Sérgio Moro. O ministro Marco Aurélio Mello, decano do STF, boquiaberto, soltou: “Um presidente, debaixo de vara?”
Moro fragmentou, mais ainda, o Judiciário. A determinação pantomima de invadir o apartamento de Lula, em São Bernardo do Campo, aliás, endereço público, sabido e localizado por qualquer pessoa da cidade e do ABC paulista foi “tiro no pé” cujo estampido vai ecoar por muito tempo nos corredores e gabinetes do Judiciário do País. Sem cabimento, sentido ou noção, Moro, militante cínico do PSDB, pôs o poder judiciário na maior encalacrada institucional desde o golpe de 1964.
Exagero? Abuso? Excesso? Nada disso… Moro abriu mão das determinações da toga; mesmo porque, para julgamento é necessário método, metodologia e fundamento em fina e estreita consonância com as leis regias do País, assentado nos autos; nas provas cabais, concretas e objetivas. Afora isso… Não é possível qualquer possibilidade de julgamento!
Não é possível julgamento sério e civilizado com base em ilações, impressões, perspectivas pessoais ou em subjetivismos. É o fato concreto e suas comprovações materiais e objetivas que dão sentido e justificativa para o exercício equilibrado e sempre ponderado do complexo dispositivo do julgamento.
Moro, abdicou de sua função e atribuições públicas e é hoje o principal e mais inesperado militante do jurídico-tucanês. “Acuso porque é preciso”; “denuncio mesmo sem comprovações”; “delibero sem fundamentação”; “condeno… E daí?”, afinal… A ordem é constranger, submeter e humilhar a principal liderança popular e social do mundo contemporâneo.
O imperativo é arrasar com Lula, com o PT e com todo seu legado político-militante; julgar o PT? Qual nada! Se esta fosse sua real questão, seu comportamento, sua lógica, o “modus operandi” de Sergio Moro e principalmente, sua relação com o lamaçal midiático do Brasil seria exatamente o oposto do que tem sido.
Desde 1980 o PT vem sendo criminalizado, julgado, sentenciado e condenado; se existem ou não provas… Isso é o que menos importa; desde sua fundação, em 1980, o PT é condenado por crimes que não cometeu; submetido a penas que não lhe dizem respeito e; assacado por toda sorte de gente e sem qualquer tipo de compromisso social com essa sofrida pátria.
Mas, por que tanto ódio? Por que tanta militância mídio-televisiva contrária ao Partido dos Trabalhadores, sobretudo, este PT atual e que, como se bem sabe, tem pouco que ver com o PT de sua origem?
É que foi esse PT afundado em contradições de todo tipo que soube fazer e fazer avançar a maior mudança social em um país, pelo viés pacífico, do mundo contemporâneo depois da China. Foi esse PT “odiado e amaldiçoado” que lançou e sem retorno, o Brasil para o panteão dos principais países do mundo.
Evidentemente que falhas das mais diversas, inclusive aquelas que foram concebidas, premeditadas estão aí, carcomendo o PT, atribulando sua militância e alarmando Lula da Silva no romper da aurora, mas o ódio, e que as elites deste país jamais irão assumir, é que… O estopim fora acionado e, o “pior” está acontecendo: a população quer mais, não exige retrocesso e está disposta a lutar, a fisicamente, lutar por suas vidas.
Moro, sem saber, acaba de reabrir o período das grandes lutas sociais nas ruas do Brasil. Acordar Lula às seis da manhã, não tenho dúvidas… Acordou o Brasil!

(Ângelo Cavalcante – economista, cientista político, doutorando em Geografia Humana (USP) e professor da Universidade Estadual de Goiás, campus Itumbiara)