Opinião

O imbróglio entre a cassação da chapa e o impeachment

Diário da Manhã

Publicado em 9 de abril de 2016 às 03:08 | Atualizado há 9 anos

Neste imbróglio de notícias que bombardeiam a nossa mente 24 horas, seja pelos veículos de comunicação tradicionais, seja pelas novas mídias, que venhamos e convenhamos traz pouco de novo, pois acaba repercutindo o que a grande mídia nos apresenta, e ficamos todos confusos e informados pelas metades. E, quer saber, penso que até mesmo os responsáveis pelas decisões (isto mesmo, nós estamos nas mãos dos responsáveis, se é que são responsáveis mesmo!) não sabem qual rumo tomar, por isto nunca chegamos a lugar nenhum. Ou melhor, demoramos muito para chegar!

O motivo da minha afirmação é simples. Estamos com dois caminhos a seguir, que se atropelam ou são atropelados. De um lado, um processo de impeachment motivado pelo crime de responsabilidade. Segundo o pedido, para cumprir as metas orçamentárias, a presidente fez as chamadas ‘pedaladas fiscais’. Os juristas dizem que o Tesouro atrasou repasses para bancos que financiam despesas do governo (benefícios como o Bolsa Família e o seguro-desemprego). Além disso, houve a edição de seis decretos, em 2015, que resultaram na abertura de créditos suplementares sem autorização do Congresso e que, com eles, a presidente ampliou os gastos em R$ 2,5 bilhões.

Do outro lado, temos o caminho da ‘Cassação da Chapa no TSE’, em decorrência do abuso de poder político e econômico, somado a fraudes na campanha presidencial do PT em 2014. A alegação é de que a campanha de Dilma foi abastecida com dinheiro de propinas desviadas da Petrobras. Além disso, há suspeita de uso da máquina de governo em favor da presidente, causando desequilíbrio na disputa. Entre os pontos citados estão a omissão de dados do governo sobre o número de pessoas em situação de miséria, o transporte de eleitores em atos de campanha no Nordeste, a falta de comprovação de parte das despesas e o uso dos Correios para a postagem indevida de propaganda eleitoral.

Como está a tramitação de cada um destes processos? É difícil responder a tal pergunta, pois tudo acontece de forma tão ‘embaralhada’ uma na outra, que sempre ficamos a mercê da morosidade de se fazer justiça no Brasil – seja para provar a inocência da presidente ou da chapa, seja para condenar os responsáveis, caso de fato haja irregularidades.

Enquanto isto, mais notícias chegam, agora da delação premiada do ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Marques de Azevedo e do executivo Flávio Barra, que afirmaram na Operação Lava Jato que a empresa pagou propina em forma de doações legais para as campanhas da presidente Dilma Rousseff em 2010 e 2014. As informações foram publicadas pelo jornal “Folha de S. Paulo” e confirmadas pelo Bom Dia Brasil.

Resumo da ópera, novas notícias são veiculadas a cada minuto, os documentos se avolumam, a operação apresenta mais uma fase, o juiz ser torna pop star, os heróis passam a serem vilões, as discussões aumentam, os ânimos se acirram, as manifestações acontecem, os ataques tornam-se cada vez mais constantes, as amizades são desfeitas nas redes sociais; e eu fico sempre com a minha crise de ansiedade, a espera de que algo realmente aconteça, para que possamos novamente voltar os nossos olhos para os graves problemas brasileiros, que diga-se de passagem só aumentam em decorrência deste imbróglio, opa, desta crise política!

 

(Letícia Jury, jornalista, mestranda em Comunicação pela UFG)

 

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