O sábio e necessário silenciar para ouvir e não calar
Diário da Manhã
Publicado em 13 de dezembro de 2017 às 01:13 | Atualizado há 7 anos
O provérbio árabe “A palavra é prata, o silêncio é ouro”, ensina muito sobre a natureza humana e nos leva a compreender que a vida é barulhenta, ou seja, a inquietude é um vulcão que se agita em nosso íntimo e dificilmente compreendemos a dimensão da sabedoria divina que nos proporcionou naturalmente dois ouvidos e uma única boca. A fala é acionada pela língua como uma serpente em botes ameaçando ou tentando calar e aquietar o oponente.
O falar cantado é um dom que nos proporciona um silêncio forçado, meditativo ou, também, ecoativo ou, ainda, de usual acompanhamento que se dá através do disparo ou acionamento do gatilho comum aos seres gregários.
Em alusão a ótica de pensadores diversos encontramos os mais sábios preceitos sobre as virtudes do silêncio, dentre eles realçamos e citamos dois. Samuel Butler ensina que “o silêncio (…) é uma virtude que nos torna agradáveis aos nossos semelhantes.”; já o Padre Manuel Bernardes considera que “a virtude do silêncio é rara, porém preciosa”.
É preciso compreender, muitas vezes, que saber silenciar para ouvir o próximo do modo mais completo e generoso se faz necessário como obra de caridade. É difícil e, às vezes, um ato de extrema bondade não revidar com palavras e pedras as tempestades e provocações ruidosas que nos chegam atormentando. Ser delicado e educado ao extremo é prova de temperança, uma virtude escassa nos tempos atuais, principalmente porque a comunicação acelerada depara com duas situações carentes de qualidade: a imaturidade e a impaciência. O imaturo é facilmente enredado e enganado entre o certo e o errado e a sua falta de paciência joga por terra toda a capacidade de expressar com clareza o que pensa. A virtude da temperança é adquirida com o fogo do tempo que molda as qualidades. O desprezo que o novo dá à experiência é prova de que a sabedoria só é apossada ou dá posse ao sábio pacientemente e com diligência.
O sábio antevê com segurança os passos que deve dar e onde pisar, a sua trilha é de luz e não há treva que o cegue porque o hesitar e o prosseguir para o êxito são luzes que os olhos comuns não captam simplesmente porque a sabedoria da dúvida é também uma virtude.
É preciso uma profunda reflexão para compreender e pacificamente conviver com tantas e tamanhas diferenças porque o mundo está teclando silencioso o grito que está preso e prestes a sacudir e convulsionar o planeta.
O revés e contraste que ferem as relações e ameaçam as virtudes se apresentam impacientes com as manipulações e desnecessárias sombras que a maldade e a vilania tentam pintar com as tintas da bondade para que não enxerguemos o mundo como verdadeiramente é.
É preciso viver o hoje, que é presente, porque o amanhã é futuro e sempre será amanhã. Aprender não é difícil, aliás, só é difícil para quem nada quer aprender por falta de humildade e por acreditar que tudo sabe e nunca erra. Aprender é entender o sábio e necessário silenciar para ouvir e não calar.
(Miron Parreira Veloso Bel. C.Contábeis – G.Público Jornalista – Radialista – Escritor Livro pub. Gestão Pública – Prática e Teoria (UEG))