O turismo e a percepção do governo
Diário da Manhã
Publicado em 21 de junho de 2016 às 02:22 | Atualizado há 9 anos
– Crise, todos sabemos, implica em dificuldades e, também, em oportunidades. Basta um olhar rápido pelo retrovisor da história para comprovar o teor desta síntese. Japão, Coreia, China e a própria Alemanha são exemplos de superação e de reinvenção dos seus destinos enquanto nações.
Guardadas as proporções e diferenças existentes entre essas economias, acreditamos que o Brasil de hoje sofre as consequências de um conjunto de desacertos em cadeia, mas já se encaminha para um reordenamento básico. As instâncias governamentais parecem despertar e prestar mais atenção nos clamores da sociedade civil organizada, notadamente as lideranças setoriais.
Encaixo na reflexão o setor do turismo nacional. Vimos realizando uma sucessão de esforços para sensibilizar o status quo sobre o significado econômico e social da atividade turística. Preparamos documentos, apresentamos propostas e projetos, batalhamos pela união das lideranças do trade e nos fazemos presentes nas instâncias decisórias de Brasília.
No dia 7 de junho deste ano, a articulação das lideranças da indústria do turismo e do poder público resultaram na aprovação do relatório da Medida Provisória 713, de 2016, que trata da redução da alíquota de 25% para 6% para remessas internacionais em determinados casos, entre eles o pagamento de despesas com viagens.
Com isso, o relatório do senador Dalirio Beber (PSDB-SC) seguiu para votação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Nesse processo, o empenho do então ministro Henrique Alves – que se demitiu do cargo na última quinta-feira (16) – foi decisivo.
O fato é que o setor de turismo, com destaque para o agenciamento de viagens, onde atuamos e representamos, precisa ser percebido sem a costumeira miopia de grande parcela da classe política, que sempre enxergou a atividade como um mero apêndice.
Os políticos brasileiros sempre trataram do tema com certa displicência, sem se atentar para esta autêntica galinha dos ovos de ouro para a economia do país. É possível imaginar a Espanha, a França e mesmo os Estados Unidos sem a pujança de seus receptivos turísticos? Portanto, urge que o turismo do Brasil seja percebido com olhar de longo alcance e definições de estadista. Sem isso não iremos muito longe.
Por fim, mais um componente essencial a esta reflexão. Durante a 44ª Abav Expo, de 28 a 30 de setembro, no Expo Center Norte, incluímos na programação um Hackthon – ou uma maratona de desenvolvimento de softwares, focado em soluções e melhorias para o Turismo.
Trata-se de iniciativa em parceria com a Braztoa, em que durante os três dias de feira especialistas em tecnologia vão trabalhar no desenvolvimento de projetos e aplicativos voltados ao setor.
Ainda é grande o desconhecimento sobre a importância decisiva da tecnologia de ponta aplicada ao setor de turismo. Nesse quesito, o Brasil ocupa lugar de destaque no mundo, em todos os quadrantes globalizados da indústria turística.
A relevância do setor de viagens e turismo como vetor estratégico do desenvolvimento sustentável; uma vez que reconhecida pelo poder público em todos os níveis de governo e aliada à competência da rede profissional de agenciamento de viagens e operações turísticas no país, certamente, inaugura um novo cenário de esperanças em nosso País.
(Edmar Bull, diretor-presidente da Copastur e presidente da ABAV Nacional)