Os peladões da Malásia e da Av. Paulista
Redação
Publicado em 11 de junho de 2015 às 03:13 | Atualizado há 10 anos
Movidos pelo irresistível desejo de ficar pelados, turistas de vários países tiraram a roupa no pico do Monte Kinabalu, considerado sagrado, na Malásia. Na análise de alguns habitantes da nação, a proeza irritou os deuses que, em retaliação, provocaram um terremoto que destruiu casas, provocou danos consideráveis e matou pessoas.
Furiosos, cidadãos exigiram a prisão dos exibicionistas, sendo que alguns estão detidos e poderão ser processados. Pois é. Vão aprender que não se brinca impunemente com as tradições e crenças de um território.
Evidente que, à luz da razão, ninguém acredita que as forças da natureza vão retaliar porque uma meia dúzia de cretinos decidiu congelar os fundilhos numa montanha gelada e exibir a proeza na internet. Numa comparação entre façanhas desnecessárias, ou estupidez sem nenhum proveito, é possível traçar um paralelo entre o que aconteceu no sudeste asiático e algumas estripulias bizarras que subverteram o propósito da parada gay na Avenida Paulista (SP).
No desfile que teve ares de um carnaval temporão, com um número de trios elétricos de fazer inveja aos festejos do rei momo, teve de tudo um pouco. A maior parte dos envolvidos se comportou de forma civilizada e o evento transcorreu com equilíbrio digno de elogios. Mas em meio à alegria, salientou-se a turma capaz de provocar a ira dos ‘deuses’.
Alguns gatos pingados, que bem podiam curar suas neuroses nos consultórios, decidiram provocar segmentos religiosos ultrajando convicções de fé. Um desses infelizes chegou ao acinte de enfiar o crucifixo no bozó. Uma mocinha posou de Jesus Cristo numa galhofa sem graça, mas que irritou cristãos de todos os matizes.
Assim como na história dos turistas da Malásia, que não tiveram nada a ver com o sismo, os imbecis da passeata podiam ser esquecidos. Mas não serão. O desaforo, que em nada abala os que realmente seguem os passos de Jesus, vai causar um reboliço, alimentando preconceitos com previsíveis retaliações. Era de se esperar. Gente mal educada, e põe falta de educação nisso, existe em qualquer lugar.
O princípio que norteia boas maneiras indica que se deve respeitar a convicção íntima do próximo. Seja no cume de uma cordilheira ou entre os edifícios de uma alameda. Os europeus que desdenharam os valores espirituais dos malaios, não tiveram educação de berço, assim como os homossexuais que ofenderam o conjunto de dogmas de milhões de brasileiros. A eles o desprezo das pessoas de bem.
(Rosenwal Ferreira, jornalista)