Peixe não vive sem água
Diário da Manhã
Publicado em 28 de junho de 2016 às 03:02 | Atualizado há 9 anos
Quando digo que peixe não vive sem água é porque o Rio Araguaia está secando, como os lagos e a nascente. Estão tirando água do Rio Araguaia, que já é pouca, para altas lavouras irrigadas e não há fiscalização nem as margens do rio e nem dentro dele. E infelizmente essa não é realidade somente do Rio Araguaia, mas de todos os rios goianos. Para se ter uma idéia não existe uma só nascente que não esteja degrada e a resposta é simples: falta de repressão aos crimes ambientais. A repressão que temos é muito pouca mediante a agressão ao meio ambiente.
Voltando ao Rio Araguaia, estamos no momento mais importante do turismo ao logo desse Rio, as férias do mês de julho, e lamentavelmente não temos nada para comemorar. Alguns avanços aconteceram como a realização dos ranchos na praia, já é uma conscientização do turista que sabe que não pode usar a mata ciliar ás margens do Rio Araguaia, fruto é claro, de um trabalho de conscientização.
O que nós precisamos é a preservação urgente de todas as nossas nascentes. Apesar, do trabalho exemplar e incontestável do Delegado, Luziano de Carvalho, titular da Dema (Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente), como punição e levantamento de todos os crimes ambientais, ainda há muito a ser feito, principalmente por você que lê esse artigo. Junte-se a nós: vamos trabalhar juntos em defesa do nosso meio ambiente!
Eu como presidente da Comissão do Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, já apresentei alguns projetos na área ambiental. Um deles pede mais rigor nas multas para quem praticar crimes contra o meio ambiente e especifica que:
– no caso de infração ambiental decorrente de desmatamento em área de risco, a respectiva multa será aplicada com um acréscimo de 50% (cinqüenta por cento);
– fica reajustado em 50% (cinqüenta por cento) o valor das multas ambientais previstas na legislação vigente;
– enquanto o infrator não pagar integralmente o valor da multa ambiental, os instrumentos utilizados para a prática da infração administrativa ou do crime não serão restituídos pela autoridade;
– é obrigatória a presença constante de, no mínimo, 2(dois) fiscais ambientais em cada posto da polícia rodoviária estadual.
– a receita decorrente do recolhimento das multas ambientais será aplicada nos programas e nas ações de fiscalização ambiental;
Caso não seja tomada uma providência dessa natureza, não colocarmos a repressão no campo e não remanejar pelo menos 30% das pessoas que estão nos gabinetes e colocar no campo, não adianta fazer leis, como da Cota Zero, pois nada será resolvido. Exemplificando essa lei da Cota Zero, não ainda nada, pois, quando existe um cardume do Rio Araguaia, um mês de cardume não sobra nem o cascudo para ser pescado. Muitos pescadores são capazes de pegar o filhote de pintado para usar como isca para pegar o peixe grande, o que é um absurdo.
No Rio Araguaia durante a temporada de pesca do turista entre os meses de março a junho, de Aruanã e até abaixo do Cristalino, não se vê nenhum fiscal, fato presenciado por mim este mês. Procurei por algum fiscal do Ibama na cidade de Luiz Alves e o mesmo estava de folga, ora bolas, o fiscal está de folga no final de semana onde o fluxo de pescadores é maior, que a hora que ele vai trabalhar? Sendo que durante a semana é bem menor o fluxo de pessoas que agridem o meio ambiente.
São coisas que acontecem, e estou citando o Rio Araguaia para exemplificar, pois entre Caldas Novas e Pirenópolis, o Araguaia é considerado a maior fonte de turismo de Goiás. O problema do Araguaia não é mais o peixe e nem a Cota Zero, e sim a falta d’água, pois peixe não vive sem água e o Rio Araguaia está secando, está morrendo. Ajude senão ele vai morrer secar e virar pura areia.
(Manoel de Oliveira, dep. estadual e pres. da Com. do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Ass. Legislativa)