Preconceitofobia
Redação
Publicado em 3 de abril de 2015 às 01:55 | Atualizado há 10 anosAndré Luís Neto da Silva ,Especial para Opinião Pública
Se rotular é se limitar. Se limitar é se excluir. Se excluir é se auto-discriminar.
O sábio trabalha com fatos reais ocorridos e não com deduções ou conjecturas futuras.
Uma breve análise da proposta de “igualdade”, pregada aos quatro ventos por todos os grupos sociais que dizem lutar por igualdade, mas lutam por mais direitos para seus membros em detrimento dos membros de outros grupos sociais, traz à tona um problema social gravíssimo alicerçado nos padrões de competição da filosofia grega espartana de que apenas os mais fortes tem o direito de sobreviver.
Os ditames e diretrizes sociais vigentes determinam que as pessoas tem que se definir e escolher um lado, que devem se posicionar e atribuir valor de julgamento explicito para cada situação ou convenção.
A população é condicionada a viver sob padrões rígidos facilmente classificáveis e identificáveis por leigos não estudiosos da área sociológica.
Esses perfis trazem traços particulares e variantes de traços de outros perfis formando um padrão único para cada estilo. Essa padronização social gera até condições cômodas para a maioria que acaba estando aptas a pré-julgar as pessoas ao seu redor baseado em modelos prontos de estereótipos amplamente comprovados pela “sabedoria popular”.
O que poucos analisam é que os alicerces espartanos de guerra, competição, disputa, inimigo e dúvida estão impregnados no subconsciente coletivo mundial e cada indivíduo escravizado por esse sistema já foi condicionado a ver os outros ao seu redor como inimigos ou concorrentes.
Os contatos das primeiras tribos humanas sempre foram traumáticos, pois a índole humana nata proveniente de Adão é de mentir, trapacear, tirar vantagem e destruir.
Qualquer grupo social humano adquire e desenvolve características, habilidades, costumes, práticas e regras próprias, assumidas até mesmo por força dos desafios impostos pelo meio-ambiente em que esse grupo se encontra, o que gera um nítido choque quando dois grupos distintos entram em contato. Juntando esse desenvolvimento natural de diferenças com a índole maligna humana de querer usufruir do que não plantou surgem tribos, agrupamentos, povos, países e impérios inteiros com o traço maligno da competição no sangue. As diferenças nos estilos de corte de cabelo, maquiagem, costumes, tecnologias, habilidades, idiomas, cultura, artes e história de cada povo e grupo gera a sensação de superioridade sobre outros grupos.
O preconceito surge do distúrbio e doença emocional chamada covardia. Todo preconceituoso é um doente emocional (o que não deixa de ser também um doente mental) acometido com a doença da covardia.
O covarde nada mais é do que uma pessoa que não tem lealdade e é capaz de tudo para preservar sua própria vida, até mesmo passar por cima de vida inocente alheia para se manter vivo. Esse covarde sente a necessidade de antecipar as situações para evitar sofrer ataques de potenciais inimigos e isso gera a obsessão doentia de querer ler as intenções e as prováveis ações e reações alheias para que possa se “antecipar” à esses prováveis ataques que ele nem tem certeza se vão acontecer ou não.
Essa necessidade doentia de se “antecipar” faz o covarde criar a estratégia de segmentar e estigmatizar as pessoas em estratificações e categorias com comportamentos padronizados (pelo menos a visão tacanha e torpe do covarde faz ele acreditar que todo punk seja perigoso, que todo evangélico seja fanático, que todo gay seja imoral, que todo roqueiro seja satanista e ele monta um estereótipo padrão para cada categoria de pessoas).
O interessante é que essa abordagem individual sobre a doença emocional do covarde também pode ser multiplicada pois também se tornou um comportamento considerado “normal”. Duvidar e desconfiar de tudo e de todos é a triste condição dos covardes que se deixam dominar pelo medo. O medo do desconhecido, o medo do escuro, o medo das pessoas ao redor, que são vistos como inimigos ou concorrentes numa disputa pela vida.
Essas pessoas inseguras se reúnem em grupos que tenham interesses em comum e começam a se rotular como “minorias”.
Com essa limitação auto-imposta esses grupos se excluem do convívio geral e criam uma aversão sobre si gerando uma via de mão dupla de preconceito, proveniente dos integrantes desse grupo em relação aos não membros do grupo e outra corrente de tendências preconceituosas provenientes de pessoas de fora do grupo que passam a ver os integrantes desse grupo como pessoas suspeitas por se recusarem a ser “normais” como a maioria da população é.
Essas aberrações incoerentes são propulsionadas pelas instituições governamentais e suas políticas de incentivo à discriminação e segregação quando criam e acentuam mais ainda as tensões entre os grupos aprovando leis preconceituosas que dão mais poder aos diversos grupos minoritários para que imponham à maioria sua vontade e forcem a maioria a aceitar as “modernidades” da sociedade atual com o argumento de que a maioria oprime as minorias, o que não deixa de ser verdade também.
Dessa forma é criada a “delegacia da mulher” e não é criada igualmente a “delegacia do homem”, é criada a “Secretaria de Estado da Igualdade Racial”, mas essa secretaria luta pelos direitos de todas as raças, menos pelos direitos das pessoas de pele branca, são criadas leis para “corrigir erros históricos” colocando os negros e índios acima dos brancos com a desculpa de que essa estratégia é pela busca da igualdade, são criadas leis para tratar da violência contra a criança, leis para tratar da violência contra a mulher, leis para tratar da violência contra os idosos, mas não são criadas leis para tratar da violência contra os homens. A lista de incoerências é imensa: os gays são privilegiados em relação aos heterossexuais em diversos dispositivos, mecanismos e leis que os priorizam em detrimento dos convencionais e conservadores.
Enquanto houver a mentalidade de disputa e competição essa divisão de pessoas em grupos só vai se acentuar e nenhuma lei conseguirá igualar direitos e deveres de pessoas que não querem conhecer e participar dos outros grupos, que se acham diferentes, especiais, melhores do que os demais e que por isso precisam estar reunidas com outras pessoas que pensem igual.
Enquanto houver divisões e rivalidades haverá discriminação e preconceito. Enquanto um grupo estiver se recusando a se misturar com os demais grupos e exigindo um tratamento especial e exclusivo isso só vai atrair aversão, desconfiança e medo por parte das pessoas que não fazem parte daquele grupo que quer privilégios e direitos especiais diferenciados.
Quem exige tratamento especial diferenciado externa sua arrogância, covardia, medo e insegurança.
Se rotular é se limitar. Se limitar é se excluir. Se excluir é se auto-discriminar.
O segredo não é dividir, é multiplicar. O segredo não é subtrair, é somar. O segredo não é achar a raiz, é potencializar! Unir e misturar: essa é a solução!
O mestre dos mestres, Jesus Cristo, explicou a simples fórmula da salvação do mundo, conforme registrada em João 17:21, onde está escrito: “para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em união comigo e eu estou em união contigo, para que eles também estejam em união conosco, a fim de que o mundo acredite que tu me enviaste.” Pessoas medrosas e covardes são as causadoras do preconceito e o mundo vive a síndrome da “preconceitofobia”.
(André Luís Neto da Silva Menezes, pseudônimo: Tiranossaurus Rex – publicitário, inventor, filósofo, músico, integrante da Royal Society Group e vice-presidente da Associação Canedense de Imprensa – [email protected])