Opinião

Reflexões para um turista

Diário da Manhã

Publicado em 18 de agosto de 2016 às 01:42 | Atualizado há 9 anos

Este escriba recebeu um grupo de turistas italianos que vieram a Goiânia para praticar capoeira. A capoeira se tornou um fator de integração cultural entre o Brasil e a Itália. Daí a ideia destas sugestões a um turista, já que os brasileiros começam a interagir com os italianos no campo esportivo. A receita serve também para quem queira fazer turismo na Itália.

 

Cidadão do mundo

Em qualquer lugar, dentro ou fora de seu país, sinta-se cidadão do mundo. Mas lembre-se que cada cidadão do mundo é também um cidadão municipal. Comporte-se como se pertencesse à mesma tribo, já que o mundo é uma aldeia global (como disse McLuan). Só conforme as circunstâncias é que deve mostrar-se diferente, de forma a garantir sua igualdade com os demais.

 

Comunicação e expressão

É principalmente pela forma verbal que as pessoas se sintonizam e se entendem. Seria melhor que todos falassem a mesma língua. Mas não é assim. Então, procure mais ouvir do que falar e só fale o mínimo necessário, ou quando solicitado. Ao formular perguntas, faça-o indiretamente, como se estivesse dialogando.

 

Linguagem virtual

A linguagem virtual é comunicação, mas não é expressão. A alma humana supera os limites da simples comunicação padronizada. No mundo globalizado, as máquinas é que falam por nós. Navegar é preciso, mas procure usar sua própria bússola (que está para os humanos como o GPS está para as máquinas).

 

Ator em cena

Vista-se conforme queira apresentar-se: cada um é personagem de si mesmo. A diferença visual às vezes causa impacto, mas evite representar um personagem mal caracterizado. Diz o velho provérbio: “Em terra de sapo, de cócoras igual a eles”.

 

Usos e costumes

As regras sociais se impõem nos usos e costumes de cada povo. Lembre-se que o animal aprende por imitação, mas o ser humano aprende por comparação. Neste caso, é melhor “parecer” do que “aparecer”.

 

Escala de valores

Quando submetido a um impacto social, o indivíduo tende a se desestruturar ou a despersonalizar-se. Daí a surpresa de sentir-se estrangeiro. Não perca sua escala de valores, como não deve perder seu passaporte ou sua identidade civil.

 

Risco de

massificação

No zoológico humano, todas as espécies parecem iguais. Cada um se vê multiplicado em todos: a tendência é cada um pensar com a cabeça do outro.  Separe o sentir do pensar. Pensar é fundamental para a segurança do sentir. Individualidade ou massificação, eis o desafio para o novo cidadão global.

 

Poderes da praça

Toda cidade se espelha numa praça. Toda praça tem três poderes: do residente, do visitante e do invasor. Ao ocupar seu lugar numa praça, procure situar-se como quem está num camarote. Pense como Arquimedes, o sábio grego: “Deem-me uma alavanca e um ponto de apoio e eu moverei o mundo”.

 

Processo dialético

Conhecer um país, ou qualquer lugar diferente, corresponde a um processo dialético: tese (afirmação), antítese (negação) e síntese (conclusão). Primeiramente, tudo se aceita. Depois se passa a questionar tudo. Entre aceitação e rejeição, some os opostos e divida suas conclusões ao meio.

 

Retorno a casa

Retorne ao seu lar como se estivesse sendo esperado. Regresse de sua visita como se não estivesse sendo indesejado. Deve-se permanecer em um lugar estranho enquanto a realidade parece um sonho. Mas deve-se retornar a casa quando o sonho começa a se tornar realidade.

 

(Emílio Vieira, professor universitário, advogado e escritor, membro da Academia Goiana de Letras, da União Brasileira de Escritores de Goiás e da Associação Goiana de Imprensa. E-mail: [email protected])

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