Opinião

Sobre a fé, a esperança e o amor

Diário da Manhã

Publicado em 1 de dezembro de 2015 às 00:07 | Atualizado há 9 anos

Hoje é o primeiro dia do último mês do ano. Dezembro se inicia e o ano já se foi.

De tudo que conhecemos, de tudo que vivemos, de tudo que aprendemos, restam três coisas que permanecem para sempre.

“Portanto, agora existem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. Porém, a maior delas é o amor.” I Cotíntios 13.13.

Sem fé, é impossível agradar a Deus, sendo esta o firme fundamento das coisas que se esperam, e a certeza das coisas que se não vêem.

A esperança é o único bem comum a todos os homens e a última que deve morrer.

Mas em tempos de guerra, de conturbação, de desilusão, de perseguição, de tristeza e perplexidade frente ao cotidiano, Jesus propõe uma teologia diferente aos seus seguidores: a do amor.

Ele aparece confrontando o ódio potencialmente presente no coração de todo ser humano e introduz a singela expressão “amor”.

Enquanto todos debatem política, justiça e legislação, Jesus está ensinando que a essência do caráter de Deus não é a lei, mas o amor.

A espiritualidade do reino de Deus não se restrinte a observar regras de comportamento ou abaçar alguma elevada proposta moral. O caminho de Jesus é essencialmente uma experiência de amor. E uma experiência do amor de Deus que transborda para a construção de uma socidade fundamentada no amor.

O racioncínio que Jesus propõe a seus seguidores é mais ou menos o que seria adaptado pela cultura popular para “viva cada dia como se não houvesse amanhã”:

  •  Viva como se este fosse o último dia de sua vida.
  •  Viva como se você fosse se encontrar com Deus hoje.
  •  Viva com sentido de urgência: não protele as coisas que você sabe que deve fazer.
  •  Viva de maneira responsável: coloque sua casa em ordem.
  •  Viva intensamente: “A vida é curta para ser pequena.”
  •  Viva prestando atenção nos sinais dos céus; o Messias pode chegar a qualquer momento.

Alguém já disse: “Viva como se hoje fosse o último dia de sua vida, porque um dia você vai acertar.”

Jesus sugere que seus discípulos marchem exercitando a dificílima arte de viver no tempo presente, pensando no agora, resolvendo as grandes questões do hoje, fazendo o que está ao alcance das mãos. Amanhã é outro dia.

Os seguidores de Jesus amam a vida. Não têm tempo a perder. Sabem que a vida é dádiva de Deus, e que será pedida de volta. Por isso se dedicam a viver como quem está pronto para morrer. São chamados de bem-aventurados.

Explica dizendo que eles são capazes de ver a presença do Reino de Deus e seu Messias na história, e de ouvir e acolher o evangelho, isto é, a boa notícia de que o reino de Deus chegou.

Os mistérios do reino dos céus são revelados por Deus. Deus tem essa prerrogativa de revelar seus mistérios. O profeta Daniel diz que Deus interpreta sonhos e revela mistérios. O Salmo 25 afirma que os segredos de Deus são para aqueles que temem a Deus. Mas se por um lado a revelação de mistérios é uma prerrogativa de Deus, é também verdade que existe um tipo de coração a quem Deus se revela.

Os mistérios de Deus são revelados para pessoas que olham para os céus com humildade, gente cansada da vida displicente, enfastiada da curiosidade sem sentido, desencantada de sua própria lógica, enfim, gente que já passou da fase de desafiar a Deus e dele exigir explicações.

Deus se revela à pessoas que desejam ouvir sua voz, e finalmente, conseguem lhe dar a atenção devida.

Talvez seja isso, para que revele seus mistérios, que Deus espera que exista de nossa parte um coração realmente desejoso de acolher seu reino e seu Messias.

O Deus e Pai de Jesus faz o sol se levantar sobre justos e injustos e faz a chuva cair sobre bons e maus. Esse é o caráter de Deus, e Jesus nos convida a sermos assim.

Uma vida e uma sociedade nos moldes do coração de Deus não se impõem pelo rigor da regra e pelo controle do comportamento, mas pelas relações de amor fraterno.

Deus não é um legislador implacável nem um juiz punidor.

Deus é um pai amoroso e nos convida a todos a uma experiência de amor.

A vida na comunhão do amor implica em “novo mandamento”.

Novo porque é distinto do mandamento conforme enunciado na lei de Moisés.

A Torá dizia que se deve “amar ao próximdo como a si mesmo”.

Jesus diz: “Amem uns aos outros assim como eu amei vocês.”

Na Torá, o padrão do amor é o amor a si mesmo.

No evangelho de Jesus, o mandamento ganha outra dimensão, pois o padrão é o amor de Cristo: amar ao próximo não como o mesmo amor com que eu amo a mim mesmo, mas amar ao próximo com o amor com que Cristo me ama.

A experiência do amor é extraordinária. Ela só é possível se o espírito de Cristo agir em nós.

A Bíblia Sagrada ensina, nas palavras do apóstolo Paulo, que “o fruto do Espírito de Deus é o amor”, pois “o amor de Deus é derramado em nossos corações, e transborda de nós para os outros”.

Somente quando estamos sob a ação e influência do espírito de Cristo somos capazes de amar como o Cristo. Jesus nos ensina a resistir ao espírito do Maligno e acolher seu espírito, e assim construirmos a fraternidade universal de amor.

No reino de Deus, o Pai é nosso.

 

(Silvana Marta de Paula Silva – advogada e escritora. Twitter:@silvanamarta15)

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