Vivemos a luta de classes
Diário da Manhã
Publicado em 21 de maio de 2016 às 02:57 | Atualizado há 9 anos
Mais do que a disputa política entre oposição e governo onde o ódio, a irracionalidade, a disputa chula entre o poder pelo poder, temos uma grande cortina de fumaça que está na raiz desta crise.
Vivenciamos a mais clássica e secular luta de classes no Brasil em seu conceito mais amplo. Segundo os filósofos Karl Marx e Friedrich Engels que criaram o termo luta de classes para designar os conflitos que existem entre os membros das classes mais abonadas e os das classes inferiores. Para Marx, as lutas de classes foram ao longo dos anos um dos vários motivos para as revoluções na história mundial. Marx dividiu a sociedade em proprietários, representados pela burguesia, e trabalhadores, representados pelo proletariado, que eram os únicos trabalhadores.
Hoje as classes abastadas são denominadas elites, e as inferiores, os miseráveis ou trabalhadora.
Uma das características das elites sofrem inúmeros complexos, sendo o mais característico o de “vira-latas”, cunhado pelo grande mestre Nelson Rodrigues onde seu conceito de inferioridade frente às elites internacionais, as coloca como subservientes e subalternas. Não há conceito nacional e tão pouco o mínimo de autoestima de nossa elite; outra marca que a compõe é o enorme desprezo, preconceito, e muitas vezes ódio das camadas inferiores de nossa sociedade.
Este conflito se agravou no momento que uma parcela da classe trabalhadora ou miserável passou a ter acesso aos bens, antes exclusivos, de nossas elites.
A germinação do ódio dos espaços perdidos como os aeroportos, as universidades, as praias, entre outros, não foram superados pelos “donos” destes ditos bens.
A falta de percepção do governo de não enxergar essa paradigma coloca em xeque as conquistas da classe trabalhadora e dos direitos elementares dos últimos anos.
O analfabetismo histórico ou o aburguesamento de setores antes progressistas auxiliaram no golpe, hoje impetrado por nossas elites.
A falsa bandeira da ética e da moralidade, sempre usada nas lutas de classes, esconde verdadeiramente quais as intenções nada republicanas e repugnantes das elites pátrias.
O que está em jogo é o fim dos direitos da classe trabalhadora, o retrocesso de conquistas sociais, e a retomada do poder dos que sempre viveram de privilégios do Estado.
Nossas elites são neoliberais em sua essência e têm a visão ultrapassada do estado mínimo.
Neste conceito de Estado, saúde, educação e moradia popular são adjetivados como despesas e não como investimento. Para eles, o Estado não deve ser indutor do desenvolvimento econômico e social.
Entretanto, não querem que seus privilégios sejam atingidos, mas só para eles.
Consequentemente não há como não perceber que o governo não compreendeu essa luta, e como vítima útil foi instrumento para que as elites voltassem ao poder.
Hoje, cabe aos trabalhadores voltarem às ruas e defenderem seus direitos e suas conquistas.
(Henrique Matthiesen, bacharel em Direito)