O clima esquentou entre líderes do PT, partido do presidente Lula, com um embate público entre a presidente nacional da legenda, a deputada Gleisi Hoffmann, e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Na segunda-feira,28, após ter se reunido com o presidente Lula em Brasília, Padilha disse que o PT, embora tenha aumentado nas eleições o número de prefeituras que comandará, precisa fazer uma "avaliação profunda" porque ainda não saiu do Z4 – em uma referência ao grupo de times que luta contra o rebaixamento no Brasileirão. A presidente do PT, Gleisi, não gostou e revidou as falas de Padilha. Em uma rede social, Gleisi disse que o ministro deveria "focar" nas articulações políticas.
"Temos de refrescar a memória do ministro Padilha, o que aconteceu conosco desde 2016 e a base de centro e direita do Congresso que se reproduz nas eleições municipais, que ele bem conhece. Pagamos o preço, como partido, de estar num governo de ampla coalizão. E estamos numa ofensiva da extrema direita. Ofender o partido, fazendo graça, e diminuir nosso esforço nacional não contribui para alterar essa correlação de forças.
Padilha devia focar nas articulações políticas do governo, de sua responsabilidade, que ajudaram a chegar a esses resultados. Mais respeito com o partido que lutou por Lula Livre e Lula Presidente, quando poucos acreditavam". disse Gleisi.
A rixa na verdade tem como pano de fundo uma disputa interna de olho no próximo a ocupar o cargo de chefe do partido. Gleisi Hoffmann, defende José Guimarães para comandar o partido, enquanto Padilha está alinhado a Edinho Silva.
Fontes dentro do PT dizem que ao falar sobre o desempenho do partido nas eleições, Padilha estaria colocando em xeque a gestão de Hoffmann à frente do PT. Sendo que ela esteve no comando do partido desde o seu pior momento, que foi a Operação Lava Jato, prisão de Lula e eleição de Bolsonaro.
Gleisi é vista como fundamental para "animar a tropa" e trazer o partido até o momento da eleição de Lula em 2022. No entanto, membros do PT apontam que falta articulação do partido para fazer alianças pragmáticas. Gleisi se defende, dizendo que ampliou as "alianças nos últimos anos".