A enfermeira Marcilane da Silva Espíndola, que já era investigada por deixar nove pacientes com deformidades após procedimentos estéticos em Aparecida de Goiânia, foi indiciada pela Polícia Civil (PCGO), por diversos crimes. Entre eles, estão:
• Lesão corporal leve: Causar danos à saúde de alguém, sem deixar sequelas permanentes.
• Lesão corporal grave: Causar danos à saúde de alguém, com incapacidade para as atividades habituais por mais de 30 dias ou com deformidade permanente.
• Lesão corporal gravíssima: Causar danos à saúde de alguém, com deformidade permanente que o torne incapaz de trabalhar ou exercer sua profissão.
• Injúria: Insultar alguém, diminuindo sua dignidade ou decoro.
• Estelionato: Induzir alguém a erro, mediante artifício ou ardil, para obter vantagem indevida.
• Exercício ilegal da medicina: Praticar atos privativos da profissão médica, sem a devida habilitação legal.
Os crimes foram investigados pela delegada Luiza Veneranda, que apurou que Marcilane teria realizado procedimentos como harmonização facial, aplicação de botox, "up glúteos" e outros, sem a devida qualificação. O caso começou a ser investigado no final de julho de 2023, após três pacientes ficarem com os rostos deformados após os procedimentos.
Investigações e Medidas Cautelares
A Polícia Civil deflagrou a Operação Salus para investigar o caso e os policiais cumpriram mandados de busca e apreensão na clínica de estética da enfermeira. Após as investigações iniciais, a polícia representou pela concessão de medidas cautelares, que resultaram no cumprimento de buscas, bloqueio de bens e valores da enfermeira e na suspensão do exercício de suas atividades.
Depoimentos das Vítimas
Segundo a polícia, ao todo, os nove inquéritos policiais totalizaram 1.467 páginas, com elementos como termos de declaração, depoimentos de testemunhas, perícias da Polícia Técnico Científica e outros. As vítimas relataram que não receberam nenhum tipo de assistência da enfermeira após as complicações, mesmo tendo procurado a profissional. Em troca de mensagens com uma delas, Marcilane disse: "Você tem que aguardar. Você não entende, que não sou eu, é seu organismo. O que tinha pra ser feito, já foi feito".
Uma das vítimas contou à polícia que Marcilane disse que “não perderia o sono” por causa do problema dela. Na época, a defesa de Marcilane definiu a operação como “drástica”, alegando que a profissional sempre colaborou com as investigações. Além disso, o advogado explicou que todos os pacientes tiveram problemas após os procedimentos devido ao descumprimento das orientações do pós-operatório.
Falta de Qualificação
Marcilane é enfermeira, mas nas redes sociais se apresentava como pós-graduada em dermatologia estética, dando a entender que possuía qualificação para atuar na área. Na internet, ela anunciava procedimentos como preenchimento labial e no nariz, lipo de papada, bronzeamento e até cursos ensinando as técnicas. Mas, em depoimento à polícia, ela admitiu que não concluiu o curso.
Conselho Regional de Enfermagem
Quando as investigações iniciaram, o Conselho Regional de Enfermagem de Goiás (Coren-GO) informou que instaurou um Processo Ético Disciplinar para apurar a conduta da profissional.
O caso segue em investigação e a Justiça deverá determinar a responsabilidade de Marcilane nos casos apresentados.