Um caso envolvendo o uso de inteligência artificial (IA) para a criação de nudes de crianças e adolescentes abalou a comunidade escolar do Colégio Marista, localizado no bairro das Graças, na zona norte de Recife, Pernambuco. As 40 vítimas desse crime cibernético têm entre 13 e 15 anos, e a investigação policial está em andamento para apurar os casos.
O método conhecido como "deep nude" consiste em utilizar fotos comuns, como as compartilhadas em redes sociais, e processá-las através de um programa de inteligência artificial, criando uma imagem falsa da pessoa nua. No caso do Colégio Marista, os pais das meninas e representantes da instituição de ensino procuraram as autoridades após a divulgação das imagens adulteradas em aplicativos de mensagens. As autoridades estão tratando o caso com sigilo, com a Polícia Civil de Pernambuco encarregada das investigações.
Segundo relatos registrados nos boletins de ocorrência, as vítimas teriam identificado os possíveis alunos autores das imagens manipuladas. Os responsáveis por essas imagens podem ser acusados de simulação de "participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual."
O Colégio Marista São Luís, emitiu uma nota oficial em que afirmou ter orientado, prestado atendimento e apoiado as famílias das vítimas no processo de registro das queixas na Delegacia de Apuração de Atos Infracionais (DEPAI) e no Conselho Tutelar. A escola também realizou uma reunião com os pais dos estudantes, reafirmando seu compromisso com campanhas de conscientização sobre bullying, ciberbullying, inteligência artificial e redes sociais.
Entenda mais sobre o caso
Um dos pais das vítimas, descreveu o impacto emocional e psicológico que o incidente teve em sua filha para o Diário de Pernambuco. A jovem faz parte das 40 alunas do Colégio Marista São Luís que denunciaram o caso à polícia.
O pai de uma das vítimas revelou que um grupo de alunos foi identificado como responsável pela fraude, usando inteligência artificial para criar as montagens. Um dos envolvidos já solicitou transferência da escola, e os celulares de três deles foram apreendidos pela coordenação da instituição de ensino.
O pai explicou como as imagens adulteradas vazaram e foram compartilhadas em um grupo de alunos pelo aplicativo de mensagens WhatsApp. Segundo ele, um dos alunos tinha conhecimento de um aplicativo de montagem por meio de inteligência artificial e começaram a trocar imagens adulteradas, inicialmente de pessoas adultas e personagens. Posteriormente, as edições se voltaram para as colegas de sala de aula.
Ele enfatizou que a divulgação das imagens fora do grupo gerou temor entre os envolvidos, levando um dos alunos a denunciar o caso à coordenação da escola.
Outros casos de deep nude também vieram à tona recentemente no Brasil. Na semana passada, mais de 20 alunas de um colégio particular no Rio de Janeiro foram vítimas de ações semelhantes. Elas prestaram depoimentos, e as autoridades estão investigando o caso.