Durante um curso do Batalhão de Operações Especiais (Bope) em Goiás, um major foi brutalmente torturado por policiais militares, que posteriormente tentaram encobrir o crime simulando uma morte por Covid-19. A denúncia foi feita pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) e pela Corregedoria da PMGO após uma investigação sigilosa.
O major, cujo nome foi mantido em sigilo, foi submetido a três dias consecutivos de tortura com varas, pedaços de madeira e açoites de corda, durante um evento do curso chamado de "Momento Pedagógico". A tortura foi tão intensa que o major desmaiou e entrou em coma, ficando vários dias na UTI.
Os policiais tentaram ocultar o caso da família do major, fingindo que ele estava internado com Covid-19. Eles chegaram até a transferi-lo para outro hospital sem informar a família, onde foi assistido por um médico militar que supervisionava o curso. Apesar da gravidade dos ferimentos, os policiais decidiram manter o major isolado e sem assistência médica adequada.
A esposa do major, que é promotora de Justiça, só ficou sabendo da situação após um amigo pessoal do oficial avisar sobre a suposta internação por Covid-19. Após muita insistência, ela conseguiu transferir o marido para outro hospital, onde foram constatadas as lesões graves e o exame negativo para Covid-19.
O major sobreviveu, mas ficou com sequelas físicas e emocionais. Apesar do indiciamento dos envolvidos pela Corregedoria, apenas três foram punidos com 12 horas de prestação de serviço, e todos os sete acusados continuam trabalhando normalmente. O MP solicitou o afastamento dos denunciados de suas funções e o recolhimento de seus armamentos.
Em nota, a PM de Goiás informou que já foi aberto um procedimento administrativo e o inquérito policial militar foi concluído e encaminhado a Justiça Militar. “A Polícia Militar reafirma seu compromisso com o cumprimento da lei e a colaboração com as autoridades judiciais."