A Comissão de Ética do Diretório Estadual do PMDB decidiu, por 4 votos a 2, pela expulsão do empresário José Batista Júnior da legenda. Acompanharam o voto do relator Dorival Scorsolino, o Dorival Mocó, Gilmar Mota, Marconi Pimenteira e Lucas do Vale. Contra a expulsão posicionaram-se os advogados Juliano Rezende e Kowalski Ribeiro.
Kowalski é assessor do deputado federal Daniel Vilela, que, assim como o pai, o prefeito Maguito Vilela, é contra a expulsão de Friboi. Juliano Rezende é ligado ao empresário Junior Friboi. Os quatro votos pela expulsão identificam-se com o ex-prefeito Iris Rezende, sendo que o relator, Dorival Mocó, foi assessor da ex-deputada Iris de Araújo.
Dorival afirma que a decisão de expulsão foi uma resposta à decisão de Friboi de anunciar apoio à candidatura do governador Marconi Perillo em 2014. "Ele (Friboi) não apenas declarou voto, mas descumpriu seus deveres partidários, além de fazer negócios vultuosos com o governo", opina. O relator salienta que não houve "um desmentido sequer da parte dele (Friboi) depois de pedir votos para Marconi, e também de se comprazer da derrota de Iris e de dona Iris, consolidando seu desacordo com o partido".
De acordo com Dorival Mocó, a Comissão de Ética é instância máxima do PMDB quando se trata de analisar a conduta do filiado. Ele relata que o processo contra Júnior Friboi teve início no Diretório Metropolitano do PMDB, porém, como o comando partidário havia sido destituído, o processo foi encaminhado ao Diretório Estadual, que formou a comissão e procedeu o julgamento. Seu entendimento é de que não caberia recursos ao empresário, mas diz ter conhecimento de que há tratativas neste sentido junto ao diretório nacional. "Dizem que Friboi irá recorrer junto ao diretório nacional, possivelmente através do vice-presidente da República Michel Temer. Entendo que não cabe este tipo de recurso, mas é possível que ele o faça", avalia.
Carta
Defensores de Friboi alegam que o empresário não pediu votos a Marconi, mas, tão somente, criticou a direção do partido, face os resultados do primeiro turno, quando o PMDB viu reduzirem-se suas bancadas na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal. Mas os trechos onde critica Iris e a ex-deputada Iris Araújo irritaram os dirigentes ligados ao ex-prefeito.
"Nesta hora em que meu partido, o PMDB, enfrenta em Goiás a pior fase de sua história, com uma votação pífia do candidato Iris Rezende no primeiro turno das eleiões de 2014, a derrota de sua esposa, deputada federal Iris de Araújo e de tantos outros parlamentares federais e estaduais - e pior ainda, outra derrota diante de Marconi Perillo, o melhor candidato para Goiás nesse momento, se avizinhando o segundo turno - dirijo aos companheiros esta manifestação de preocupação com tais fatos, mas também de apreço e de esperança em dias melhores para nossa memorável legenda".
A época, a carta foi divulgada pelo ex-peemedebista Frederico Jayme, que deixou a legenda para apoiar a reeleição do governador Marconi Perillo (PSDB). Com o avizinhamento de uma nova eleição, na qual Iris Rezende deve ser novamente candidato, os apoiadores do ex-prefeito têm demonstrado pressa em "limpar a área", ou seja, temem que um novo confronto entre Iris e Friboi pelo controle do PMDB atrapalhe os planos da candidatura de Iris à Prefeitura de Goiânia.
Não é certo que este seja o fim da história entre Iris e Friboi ou se novos capítulos serão escritos através do diretório nacional da legenda. Mas, a partir da decisão de hoje, Iris fica mais à vontade para retomar seu protagonismo no PMDB.
Empresário vai recorrer ao diretório nacional
Helton Lenine
O advogado Felipe Melazzo adiantou, ontem, que o empresário José Batista Júnior, o Júnior Friboi, vai recorrer ao diretório nacional do PMDB da decisão do Conselho de Ética que decidiu pela sua exclusão dos quadros do partido.
As chances de Júnior Friboi obter êxito junto ao diretório nacional são grandes, já que o presidente da legenda, Michel Temer, foi um dos fiadores do ingresso do empresário no PMDB, em 2013, ao lado do senador Valdir Raupp, então no exercício da presidência.
Friboi conta, também, com o apoio dos deputados federais Pedro Chaves e Daniel Vlela para reverter a decisão do Conselho de Ética do diretório estadual.
Felipe Melazzo afirmou que prevaleceu a “insensatez” do Conselho de Ética, já que foram elencadas razões para nulidade do processo, além de as alegações serem infundadas por falta de provas. “Tanto na representação quanto no arrolamento de testemunhas e em todo o decorrer do processo não ficou provada nenhuma das acusações apresentadas por uma única razão: meu cliente não cometeu os desvios apontados pelo representante. Prevaleceram as rixas pessoais e a ilegalidade”, afirma.
A defesa de Júnior Friboi contesta a acusação de que o empresário praticou “infidelidade partidária” nas eleições de 2014, deixando de apoiar, no segundo turno, o candidato Iris Rezende, na disputa pelo governo de Goiás. “A infração não foi cometida, já que não existem declarações, imagens ou testemunhas de que Júnior Friboi pediu votos para o candidato adversário, ofendeu correligionários ou deixou de apoiar colegas partidários”.
Felipe Melazzo ressalta que a mencionada carta em que comprovaria que Friboi fez campanha para candidato de outro partido “só o que diz é que ele é o melhor para Goiás, conforme comprovado nas urnas, mas que seguiria apoiando seu partido, o PMDB, como de fato o fez", observa o advogado.
Carta de Friboi ao PMDB
"Nesta hora em que meu partido, o PMDB, enfrenta em Goiás a pior fase de sua história, com uma votação pífia do candidato Iris Rezende no primeiro turno das eleiões de 2014, a derrota de sua esposa, deputada federal Iris de Araújo, e de tantos outros parlamentares federais e estaduais – e pior ainda, outra derrota diante de Marconi Perillo, o melhor candidato para Goiás nesse momento, se avizinhando o segundo turno – dirijo aos companheiros esta manifestação de preocupação com tais fatos, mas também de apreço e de esperança em dias melhores para nossa memorável legenda.
Em primeiro lugar, quero afiançar a todos que não vou abandonar o PMDB em hipótese alguma, mesmo com forte divisão interna e diante de novo revés eleitoral. Quero deixar público meu amor, meu respeito e gratidão ao partido que acolheu com fidalguia a minha postulação ao governo do Estado, em uma proposta de renovação e de modernidade, projeto válido que foi atropelado em nome da continuidade de projetos pessoais dos quais os companheiros, em razão dos sucessivos fracassos, tentaram escapar.
Meus cumprimentos a todos os parlamentares eleitos e reeleitos, aos quais desejo pleno êxito no desempenho de suas missões. Aos prefeitos, vereadores e demais lideranças peemedebistas, ao mesmo tempo, minha solidariedade. Coloco-me à disposição de todos quantos queiram comigo somar esforços para reconstrução do PMDB após o próximo dia 26 de outubro, eis que, por seus méritos pessoais e políticos, por sua modernidade e eficiência, o povo de Goiás reelegerá o governador Marconi Perillo para mais um mandato à frente dos destinos de Goias.
Restará a nós que amamos de fato o Estado e o PMDB a tarefa de reerguer o partido e prepará-lo para os novos tempos que virão, livres, enfim, de projetos messiânicos, que só levaram a sucessivos insucessos nas urnas, como o que hoje estamos presenciando, de forma vergonhosa e triste.
Um futuro promissor nos aguarda!
José Batista Júnior, Júnior Friboi